RIO DE JANEIRO - Em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara Municipal do Rio, o vereador Gabriel Monteiro (PL) afirmou na tarde desta quinta-feira, 23, que gravava relações sexuais, de forma consentida, com as mulheres com quem se relacionava para se "precaver de denúncias de estupro", de acordo com o relator do caso, vereador Chico Alencar (PSOL).
Monteiro é acusado de quebra de decoro parlamentar, pela prática de supostos estupros e episódios de assédio sexual e moral, além de manipulação de vídeos e infração a direitos de uma criança que foi protagonista de um vídeo gravado por ele. O vereador nega todas as acusações, que atribuiu a adversários políticos que, segundo ele, querem destruí-lo.
Segundo o vereador Chico Alencar (PSOL), Monteiro negou que soubesse que a adolescente com quem se relacionou, e teve um vídeo vazado, fosse menor de idade.
"Ele nega ciência da idade da menina filmada, mas o MP e a Polícia Civil vão no sentido contrário", diz Alencar.
Monteiro é réu em processo em que é acusado pelo Ministério Público estadual (MP-RJ) de filmar relações sexuais que manteve com uma adolescente de 15 anos. Para a Promotoria, ele infringiu o Artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê prisão de 4 a 8 anos para quem "produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente".
Monteiro foi denunciado em abril pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Zona Sul e Barra da Tijuca. Em 2 de maio, o juiz Marcelo Almeida de Moraes Marinho, responsável pelo VII Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Regional da Barra da Tijuca), aceitou a denúncia.
Outro ponto alvo da representação em discussão no conselho de ética são os vídeos dos chamados "experimentos sociais", em que Monteiro e sua equipe manipulam situações de crime em troca da remuneração dos alvos. Segundo o relator, o vereador afirmou que os conteúdos não são antiéticos e que "não contratava ninguém para se passar de vilão".
"São experimentos antissociais, que podem induzir ao crime", afirma o relator.
Sobre o uso de servidores públicos de seu gabinete na produção de vídeos para suas redes sociais, Gabriel Monteiro disse que eles trabalhavam fora do horário de expediente e eram "pagos por fora".
"Há várias contradições. Ele diz que os assessores não trabalhavam na sua empresa de YouTube, mas afirmou que os pagava por fora", diz Alencar.
O depoimento do vereador é a última etapa do processo antes do recesso parlamentar, em julho. De acordo com Chico Alencar, o relatório deve ser apresentado no primeiro dia de trabalho do colegiado, em agosto. Após a deliberação do conselho de ética, as conclusões do caso serão submetidas ao plenário da Câmara, que decidirá pela punição ou não do vereador.