Previsão anterior de 2,1% caiu para 0,02%. Revisão leva em conta os efeitos da pandemia de coronavírus na economia brasileira. Equipe econômica prevê rombo de 161,2 bilhões de reais nas contas públicas em 2020.O governo federal reduziu a previsão oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 2,1% para 0,02%, diante da crise provocada pela pandemia de coronavírus.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (20/03) pelo Ministério da Economia, por meio do relatório bimestral de receitas e despesas, que orienta a execução do Orçamento de 2020. O documento prevê um rombo de 161,2 bilhões de reais nas contas públicas em 2020.
O governo já havia revisado a projeção de crescimento de 2,4% para 2,1% na semana passada, mas ainda não levava em conta os efeitos da pandemia e a guerra do preço do petróleo, que levou a Petrobras a sofrer a maior queda em valor de mercado em 30 anos.
Na ocasião, a equipe econômica anunciou que o coronavírus teria impacto de até 0,5 ponto percentual no PIB. As novas projeções apontam que o efeito foi bem maior e que a pandemia praticamente eliminará todo o crescimento econômico originalmente previsto.
Nesta sexta-feira, o governo também reduziu, de 3,12% para 3,05%, a previsão de inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Sobre o câmbio, o relatório aumentou, de 4,20 reais para 4,35 reais, a previsão oficial do valor do dólar no fim do ano. O dólar comercial está sendo vendido hoje a 4,99 reais.
A queda na atividade econômica e a redução dos juros pelos principais Bancos Centrais do mundo ainda fizeram o Ministério da Economia diminuir, de 4,15% para 3,65% ao ano, a previsão da taxa Selic (juros básicos da economia) no fim de 2020.
A nova revisão do PIB, para 0,02%, significa que em 2020 haverá nova desaceleração da economia. Em 2019, o PIB cresceu 1,1%, alcançando 7,3 trilhões de reais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa estava em linha com as projeções mais recentes do mercado, mas bem distante do que economistas esperavam na primeira semana de janeiro de 2019, quando a estimativa no boletim Focus do Banco Central era de 2,53%. O pibinho veio após altas de 1,3% em 2018 e 2017, e recuos de 3,3% em 2016 e 3,5% em 2015.
Nesta sexta-feira, o país entrou em estado de calamidade pública em razão da pandemia, após um pedido do governo do presidente Jair Bolsonaro ter sido aprovado no Congresso.
Com validade até 31 de dezembro, o decreto desobriga o governo a observar a meta de resultado primário - ou seja, a de um déficit de 124,1 bilhões de reais - para combater os efeitos da crise.
Ao anunciar o corte da previsão de crescimento do PIB nesta sexta, o governo afirmou que, se o decreto de calamidade pública não fosse aprovado, seria necessário efetuar um bloqueio de 37,5 bilhões de reais em recursos de ministérios.
Para conter os impactos do coronavírus na economia e no nível de emprego, o governo federal tem anunciado uma série de medidas nos últimos dias, entre elas a concessão de vouchers de 200 reais mensais por três meses para auxiliar aqueles que não têm trabalho formal e não recebem recursos de outros benefícios, como o Bolsa Família.
Além disso, nesta quinta-feira o Ministério da Economia disse que os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos e tiverem redução de salário e de jornada receberão a antecipação de parte do seguro-desemprego.
O governo também anunciou que pretende arcar com os 15 primeiros dias de afastamento caso o empregado contraia a doença covid-19. Atualmente, esse período de afastamento é pago pela empresa. As mudanças serão enviadas ao Congresso Nacional por meio de projeto de lei.
EK/abr/ots
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