Alvo de operação da PF é aliado de Lira e comanda União Brasil em AL

Luciano Cavalcante é ex-assessor do presidente da Câmara e trabalhou na campanha de reeleição do político alagoano, em 2022

1 jun 2023 - 12h47
(atualizado às 17h30)
Cofre cheio de dinheiro encontrado em Maceió, durante operação Hefesto, da Polícia Federal
Cofre cheio de dinheiro encontrado em Maceió, durante operação Hefesto, da Polícia Federal
Foto: Reprodução/Polícia Federal / Reprodução/Polícia Federal

Um dos alvos da operação Hefesto, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 1, pela Polícia Federal, Luciano Cavalcante, é assessor da liderança do PP na Câmara e um dos homens de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Cavalcante foi alvo de busca e apreensão.

A PF cumpre 27 mandados judiciais de busca e apreensão, em quatro estados e no Distrito Federal, para investigar fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Durante a operação foi encontrado um cofre cheio de dinheiro. Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), o esquema envolvendo kits de robóticas geraram perda aos cofres públicos de R$ 8,1 milhões e sobrepreço, com prejuízos que podem chegar a R$ 19,8 milhões. A operação foi autorizada pela 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Alagoas.

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Operação da PF encontra cofre cheio de dinheiro
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Cavalcante trabalhou na campanha de reeleição de Lira, ano passado, e é um dos homens de confiança do presidente da Câmara, e costuma participar de agendas e viagens de Lira. Antes de trabalhar com Lira, Cavalcante trabalhou no escritório de apoio do pai do presidente da Câmara, Benedito Lira (PP-AL), que era senador (2011-2018).

Cavalcante foi nomeado para a função de assessor na liderança do PP em 24 de março de 2017, cerca de um mês e meio após Lira se tornar líder do partido. Pela função recebe R$ 14.744,74 brutos, mais R$ 1.331,59 de auxílios.

Apesar de trabalhar no PP, atualmente, Cavalcante preside a estrutura do União Brasil em Alagoas. PP e União Brasil são aliados em Brasília e integram o mesmo bloco parlamentar na Câmara. Ele já foi candidato a vice-prefeito de Atalaia (AL), em 2016, pelo PP. Segundo o TSE, à época, ele não declarou bens.

A operação da Polícia Federal com o apoio da CGU-AL (Controladoria Regional da União em Alagoas), investiga uma organização criminosa suspeita de praticar crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Segundo informações da PF, entre 2019 e 2022,  o grupo direcionou contratações de kits de robóticas para uma única empresa, a partir de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), no governo de Jair Bolsonaro (PL). A suspeita de fraude foi revelada em reportagem da Folha de S. Paulo, em 2022.

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Para a operação foram às ruas 110 policiais federais e 13 servidores da CGU. Os mandados são cumpridos nas seguintes cidades: 16 em Maceió (AL), oito em Brasília (DF), um em Gravatá (PE), um em São Carlos (SP) e um em Goiânia(GO), além de dois mandados de prisão temporária em Brasília. O nome da operação remete ao deus da tecnologia, do fogo, dos metais e da metalurgia na mitologia grega, em alusão aos equipamentos de robótica objeto das contratações públicas celebradas pelos municípios alagoanos.

A assessoria de imprensa de Lira informou à coluna que ele não se manifestará. A coluna ainda não localizou a defesa de Cavalcante, o espaço está aberto à manifestação.

Luciano Cavalcante (primeiro da foto) durante ato de campanha de Lira, em setembro de 2022
Foto: Reprodução/Instagram Arthur Lira / Reprodução/Instagram Arthur Lira
Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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