Um dos alvos da operação Hefesto, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 1, pela Polícia Federal, Luciano Cavalcante, é assessor da liderança do PP na Câmara e um dos homens de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Cavalcante foi alvo de busca e apreensão.
A PF cumpre 27 mandados judiciais de busca e apreensão, em quatro estados e no Distrito Federal, para investigar fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Durante a operação foi encontrado um cofre cheio de dinheiro. Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), o esquema envolvendo kits de robóticas geraram perda aos cofres públicos de R$ 8,1 milhões e sobrepreço, com prejuízos que podem chegar a R$ 19,8 milhões. A operação foi autorizada pela 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Alagoas.
Cavalcante trabalhou na campanha de reeleição de Lira, ano passado, e é um dos homens de confiança do presidente da Câmara, e costuma participar de agendas e viagens de Lira. Antes de trabalhar com Lira, Cavalcante trabalhou no escritório de apoio do pai do presidente da Câmara, Benedito Lira (PP-AL), que era senador (2011-2018).
Cavalcante foi nomeado para a função de assessor na liderança do PP em 24 de março de 2017, cerca de um mês e meio após Lira se tornar líder do partido. Pela função recebe R$ 14.744,74 brutos, mais R$ 1.331,59 de auxílios.
Apesar de trabalhar no PP, atualmente, Cavalcante preside a estrutura do União Brasil em Alagoas. PP e União Brasil são aliados em Brasília e integram o mesmo bloco parlamentar na Câmara. Ele já foi candidato a vice-prefeito de Atalaia (AL), em 2016, pelo PP. Segundo o TSE, à época, ele não declarou bens.
A operação da Polícia Federal com o apoio da CGU-AL (Controladoria Regional da União em Alagoas), investiga uma organização criminosa suspeita de praticar crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Segundo informações da PF, entre 2019 e 2022, o grupo direcionou contratações de kits de robóticas para uma única empresa, a partir de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), no governo de Jair Bolsonaro (PL). A suspeita de fraude foi revelada em reportagem da Folha de S. Paulo, em 2022.
Para a operação foram às ruas 110 policiais federais e 13 servidores da CGU. Os mandados são cumpridos nas seguintes cidades: 16 em Maceió (AL), oito em Brasília (DF), um em Gravatá (PE), um em São Carlos (SP) e um em Goiânia(GO), além de dois mandados de prisão temporária em Brasília. O nome da operação remete ao deus da tecnologia, do fogo, dos metais e da metalurgia na mitologia grega, em alusão aos equipamentos de robótica objeto das contratações públicas celebradas pelos municípios alagoanos.
A assessoria de imprensa de Lira informou à coluna que ele não se manifestará. A coluna ainda não localizou a defesa de Cavalcante, o espaço está aberto à manifestação.