Após Cid falar que comandante aceitaria golpe, Marinha diz que opiniões pessoais não representam a instituição

Nota divulgada pela Marinha diz que a instituição está à disposição da Justiça e não informa se adotará ou não medidas internas

21 set 2023 - 18h35
(atualizado às 18h39)
Jair Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid
Jair Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid
Foto: CartaCapital

A Marinha se posicionou na tarde desta quinta-feira, 21, após serem divulgados trechos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, em que ele diz que o então comandante da instituição, almirante Almir Garnier, teria expressado apoio ao plano golpista proposto por Jair Bolsonaro (PL). Em nota, a Marinha informou que “eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força e que permanece à disposição da justiça para contribuir integralmente com as investigações”.

Na nota, a Marinha também informou que “não teve acesso ao conteúdo de delação premiada” e que “não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário”. 

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Uma fonte da Marinha disse à coluna que há interesse no para esclarecimento dos fatos e a “individualização de condutas” para que se afaste a “eventual suspeição institucional”. Ainda que a nota da Marinha não informe se haverá alguma medida interna para apurar as falas de Cid, essa mesma fonte, relatou que o caso está com a assessoria jurídica do comandante da Marinha. Até amanhã a assessoria deve concluir a análise para indicar quais medidas serão ou não tomadas.

Segundo as reportagens, Cid acusa Bolsonaro de ter se reunido com os então comandantes das Forças Armadas para discutir a possibilidade de um golpe de Estado. O almirante Garnier teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a trama proposta pelo então presidente. Por outro lado, o comando do Exército declarou que não apoiaria o plano golpista. 

Com a revelação de trechos da delação de Cid, feitas pelo UOL e pelo jornal O Globo, o ministro Múcio disse nesta quinta que “nós estávamos 100% do lado da lei, e ele [almirante Garnier] não”. E que as Forças Armadas "não quiseram um golpe".

Durante a tarde, a defesa de Bolsonaro disse que ele jamais “compactuou” com ilegalidades. 

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Veja a íntegra da nota da Marinha:

“A Marinha do Brasil (MB) esclarece que não teve acesso ao conteúdo de delação premiada do Tenente-Coronel Mauro Cid. Além disso, esta Força Naval não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário. 

Consciente de sua missão constitucional e de seu compromisso com a sociedade brasileira, a MB, Instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência. 

A MB reitera, ainda, que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força e que permanece à disposição da justiça para contribuir integralmente com as investigações.”

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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