O ministro responsável pela articulação política do governo, Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) foi ignorado na sessão do Congresso Nacional que promulgou a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. O ministro participou do ato, nesta quarta, 20, em pé, atrás da Mesa Diretora, e em nenhum momento da reunião de duas horas foi mencionado pelas autoridades presentes, como o presidente Lula (PT), os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Quem foi celebrado foi Fernando Haddad (Fazenda), que recebeu elogios do presidente Lula, Pacheco, Lira, e dos relatores da proposta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e o senador Eduardo Braga (MDB-AM). É possível identificar as homenagens e citações nas notas taquigráficas da sessão.
O fato de ter passado batido é reflexo da queixa de lideranças políticas sobre a atuação do ministro, que reclamam da dificuldade para cumprimento de acordos políticos e pouca articulação, principalmente para avançar na pauta econômica. Nos principais projetos do governo, como arcabouço fiscal, medidas para melhorar a arrecadação e a reforma tributária, quem esteve à frente das negociações e ajustes de textos foi Haddad.
À coluna foi feita uma comparação do desempenho de Padilha com o do ministro da Casa Civil, Rui Costa, outro posto que costuma ser alvo de reclamações, mas que apesar de ser “difícil de lidar”, cumpre os compromissos assumidos. Ainda que o ministro Padilha esteja neste processo de “fritura” e cheguem sinalizações de descontentamento ao Planalto, não foram feitos pedidos para troca.
Em praticamente todos os governos, o cargo que é exercido atualmente por Padilha costuma ser alvo de reclamações pelas lideranças políticas da Câmara e Senado. Isso porque cabe ao articulador político do Planalto equilibrar os diversos interesses dos grupos políticos, encontrar caminhos para aprovar os projetos do governo e entregar o que foi prometido. Ainda que a liberação de emendas e cargos que são negociados não dependam dele, a cobrança recai sobre o articulador. Mesmo assim, chama atenção o fato de Padilha sequer ter sido citado nos discursos sobre aprovação de uma pauta histórica para o Congresso e o governo.
Estiveram na Mesa da sessão, além de Lula, Lira, Pacheco e Haddad, os relatores da PEC, o proponente Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB) e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, única mulher presente.