Mesmo com a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de manter a ministra do Turismo no cargo, deputados da bancada do União Brasil contam que a queda de Daniela Carneiro acontecerá em até uma semana.
O mais cotado para substituí-la é o deputado Celso Sabino (PA), que participará de um jantar oferecido pelo correligionário Marangoni (SP) à bancada, em Brasília. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência (SRI), que cuida da articulação, Alexandre Padilha, foi convidado e deve comparecer.
Uma fonte que acompanhou a reunião dos deputados disse que há uma insatisfação geral com a manutenção da ministra. Durante o encontro, foi discutida qual a melhor maneira da bancada se posicionar sobre isso: se o líder Elmar Nascimento daria uma declaração “dura contra o governo” ou mais amena, confiando que o governo realizará a troca nos próximos dias, como vem sendo prometido pelo Planalto aos parlamentares. Foi escolhida a segunda opção.
“Quem tem legitimidade para escolher, nomear e demitir ministro é o presidente Lula. Quando e se ele achar que deve, ele vai nos chamar. Há entre nós e o governo uma concordância: a forma que foi construído no início do mandato não foi a mais adequada, porque não houve legitimação da bancada. Agora, o tempo é o tempo do governo”, disse Nascimento a jornalistas ao término da reunião.
Questionado se outras pastas foram pedidas, Elmar Nascimento negou e disse que não “pleiteia nada”. O deputado disse que, além dela não ser um nome consensual na bancada da Câmara, outro “grande problema” é a possibilidade da ministra sair do partido. Carneiro pediu judicialmente a desfiliação da sigla. Com isso, o entendimento dos deputados é de que ela estaria na cota pessoal de Lula, sem vínculo com o União Brasil.
Deputados reclamam que a escolha da ministra Daniela Carneiro foi uma decisão de Lula, em troca de apoio dela e do marido, Waguinho (hoje no Republicanos), prefeito de Belford Roxo (RJ), junto aos evangélicos na eleição. Já as duas outras pastas, Comunicações, com Juscelino Filho, e a Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, são indicações do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o que faz com que deputados não se sintam representados.
“[Daniela] não vai ter que sair, ela pode virar ministra da cota pessoal do presidente, pode o partido que o Waguinho foi assumir a indicação dela e passar a integrar o primeiro escalão, que é um grande partido e muito bem conduzido”, disse Elmar Nascimento. Ainda que a análise de Nascimento sugira um tom brando, há risco dos 54 deputados trabalharem contra o governo caso a troca não aconteça ou não haja espaço para a bancada na gestão Lula.