O Brasil lançou oficialmente nesta segunda-feira, 18, a Aliança Global de Combate à Fome, que conta com a adesão de 82 países. Ao todo, a iniciativa reúne o apoio de 148 membros fundadores. Inicialmente, a Argentina, liderada pelo presidente Javier Milei, havia optado por não aderir, mas recuou e decidiu integrar a aliança. (Confira a lista completa abaixo)
A medida é considerada pelo governo Lula (PT) um dos principais frutos da presidência do G20. A iniciativa foi conduzida pela presidência brasileira do bloco ao longo do último ano e busca erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais revitalizadas para o desenvolvimento sustentável. O anúncio aconteceu na abertura da Cúpula do G20, na manhã desta segunda, no Rio de Janeiro, com a presença de todos os integrantes do bloco econômico.
O presidente da Argentina, desde que tomou posse, em dezembro do ano passado, se opôs a Lula em questões internacionais e fez ataques ao presidente brasileiro. Nas negociações que acontecem para a declaração final do G20, a Argentina cria impasses e dificulta um texto comum em questões como a taxação de super-ricos.
Em julho, Milei esteve no Brasil para um evento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sem contatar o presidente petista. A postura causou incômodo no Itamaraty.
Ainda que mantenha uma postura com viés ideológico avessa a organismos internacionais, semelhante à postura da extrema direita no Brasil, o governo Milei pediu que o Brasil assumisse o prédio e as representações diplomáticas do país na Venezuela, após tensões com o regime de Nicolás Maduro.
A Aliança contra Fome
A Aliança tem 148 membros fundadores, incluindo 82 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, 9 instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.
Os signatários pretendem alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030, expandir as refeições escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas, e arrecadar bilhões em crédito e doações por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas.
Na última sexta-feira, 15, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, já tinha antecipado o apoio de 41 países à Aliança. Durante a programação do G20 Social, ele destacou o compromisso e estipulou um prazo de 6 anos para a proposta.
“Com as adesões e colaborações de diversos países e organizações, vamos retirar 500 milhões de pessoas do mapa da fome e da pobreza por meio de ações como transferências de renda, programas de sistemas de proteção social em países de rendas baixas e média baixa até 2030”, explicou.
Na ocasião, Wellington Dias também fez questão de ressaltar que o compromisso seria diferente do modelo tradicional de combate à fome, unindo frentes políticas.
“Não se trata só de levar comida. Claro que é necessário trabalhar com o combate à fome e à pobreza, mas é a partir disso que surgem políticas, como as que estão nos termos da Aliança, que visam reunir essa base de dados em cada país e integrar essa população com acesso à saúde, educação, água, qualificação e emprego”, argumentou.
O ministro ainda estimou um número alto para iniciativas de inclusão. “A Aliança também tem como meta promover a inclusão socioeconômica de mais de 100 milhões de pessoas, com foco em mulheres, por meio do empreendedorismo e do acesso a crédito adequado”, revelou.
Quem endossou as falas de Dias foi o presidente Lula, durante seu discurso no Festival Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no sábado, 16.
Ao lado de Gilberto Gil, o petista reafirmou que a questão não é puramente social, mas política: "É fruto da irresponsabilidade dos governantes do planeta. É preciso coragem, sensibilidade e, sobretudo, humanismo para mudar essa realidade. Não podemos permitir que uma criança morra de desnutrição".
Membros fundadores da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Países Membros e Entidades Regionais:
- Alemanha
- Angola
- Antígua e Barbuda
- África do Sul
- Arábia Saudita
- Argentina
- Armênia
- Austrália
- Bangladesh
- Benin
- Bolívia
- Brasil
- Burkina Faso
- Burundi
- Camboja
- Chade
- Canadá
- Chile
- China
- Chipre
- Colômbia
- Dinamarca
- Egito
- Emirados Árabes Unidos
- Eslováquia
- Estados Unidos
- Espanha
- Etiópia
- Federação Russa
- Filipinas
- Finlândia
- França
- Guatemala
- Guiné
- Guiné-Bissau
- Guiné Equatorial
- Haiti
- Honduras
- Índia
- Indonésia
- Irlanda
- Itália
- Japão
- Jordânia
- Líbano
- Libéria
- Malta
- Malásia
- Mauritânia
- México
- Moçambique
- Myanmar
- Nigéria
- Noruega
- Países Baixos
- Palestina
- Paraguai
- Peru
- Polônia
- Portugal
- Quênia
- Reino Unido
- República da Coreia
- República Dominicana
- Ruanda
- São Tomé e Príncipe
- São Vicente e Granadinas
- Serra Leoa
- Singapura
- Somália
- Sudão
- Suíça
- Tadjiquistão
- Tanzânia
- Timor-Leste
- Togo
- Tunísia
- Turquia
- Ucrânia
- Uruguai
- Vietnã
- Zâmbia
- União Africana
- União Europeia
Organizações Internacionais:
1. Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (AUDA-NEPAD)
2. CGIAR
3. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
4. Comissão Econômica e Social para Ásia Ocidental (CESAO)
5. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
6. Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
7. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
8. Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA)
9. Instituto de Pesquisa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (UNRISD)
10. Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
11. Liga dos Estados Árabes (LEA)
12. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
13. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO)
14. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
15. Organização dos Estados Americanos (OEA)
16. Organização Internacional do Trabalho (OIT)
17. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
18. Organização Mundial do Comércio (OMC)
19. Organizacão Mundial da Saúde (OMS)
20. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
21. Programa Mundial de Alimentos (WFP)
22. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
23. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat)
24. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
Instituições Financeiras Internacionais:
1. Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB)
2. Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB)
3. Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF)
4. Banco Europeu de Investimento (BEI)
5. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
6. Grupo Banco Mundial
7. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB)
8. Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)
9. Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP)
Fundações Filantrópicas e Organizações Não Governamentais:
1. Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL)
2. Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)
3. Fundação Bill & Melinda Gates
4. BRAC
5. Children's Investment Fund Foundation
6. Child's Cultural Rights & Advocacy Trust Agency
7. Citizen Action
8. Education Cannot Wait
9. Food for Education
10. Instituto Comida do Amanhã
11. Fundação Getúlio Vargas (FGV)
12. GiveDirectly
13. Global Partnership for Education
14. Instituto Ibirapitanga
15. Instituto Clima e Sociedade (iCS)
16. Câmara de Comércio Internacional
17. Leadership Collaborative to End Ultrapoverty
18. Maple Leaf Early Years Foundation
19. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
20. Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI)
21. Pacto Contra a Fome
22. Fundação Rockefeller
23. Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI)
24. SUN Movement
25. Sustainable Financing Initiative
26. Their World
27. Trickle Up
28. Village Enterprise
29. World Rural Forum
30. World Vision International
31. Instituto Fome Zero