A bolsa de valores reagiu ao anúncio feito nesta segunda-feira, 8, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que indicou seu braço direito à diretoria de Política Monetária do Banco Central. Após ser confirmado o nome do secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, o dólar subiu, cotado próximo a R$ 5, e os juros futuros de longo prazo também.
A taxa de contrato de Depósito Interfinanceiro (DI), os juros futuros de longo prazo, para janeiro de 2031, por exemplo, subiram de 12,09% (no fechamento de sexta-feira, dia 5), para 12,23% no início da tarde desta segunda-feira.
No curto prazo, os juros futuros apresentam queda. Os juros DI de janeiro de 2025, por exemplo, fecharam na sexta-feira em 11,71%, e hoje chegaram à mínima de 11,59%, por volta das 14h30 estava em 11,66%. A queda pode ser entendida como a percepção de que, no curto prazo, a entrada de Galípolo pode ajudar a derrubar a taxa de juros.
O nome de Gabriel Galípolo não é mal visto por fontes que trabalham em empresas financeiras ouvidas pela coluna. Ele é considerado um quadro técnico, com bom trânsito no mercado. Mas há temor de que o Banco Central trabalhe de maneira mais alinhada ao governo no longo prazo, por isso o aumento dos juros neste cenário.
A indicação de Galípolo pode servir para que ele acumule experiência e se cacife para ser escolhido como novo presidente do BC, no final de 2024, ao término do mandato de Roberto Campos Neto.
Haddad também anunciou a indicação de Ailton de Aquino Santos para a diretoria de Fiscalização. Ambos precisam ser aprovados em votação no Senado.
SUGESTÃO DE CAMPOS NETO
Ao fazer o anúncio pela manhã e ser questionado sobre a reação do mercado financeiro, o ministro rebateu dizendo que a primeira pessoa que mencionou a possibilidade do Galípolo ir para o Banco Central foi o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Segundo Haddad, Campos Neto considerou que a ida de Galípolo pode ajudar a “entrosar as equipes do Banco Central e da Fazenda”. A conversa aconteceu durante encontro dos dois no G20, na Índia, em fevereiro.
“Galípolo foi presidente de banco, é conhecido dos economistas, trabalha comigo há muitos meses. É copartícipe de todas as políticas públicas que estão sendo endereçadas ao Congresso Nacional”, disse Haddad.
Desde o início dessa gestão, Lula, seus ministros e setores da economia criticam publicamente as decisões do Banco Central, que desde agosto do ano passado mantém a taxa básica de juros em 13,75%, em vez de reduzi-la, como gostaria o governo.