Grupo radical que apoia Trump questiona eleições e propaga ideias nazistas

Grupo Proud Boys, que defende ideias supremacistas e participou dos ataques ao Capitólio, botou em alerta autoridades americanas.

5 nov 2024 - 12h05
(atualizado às 12h06)
Imagens divulgam símbolo supremacista em grupos de Telegram
Imagens divulgam símbolo supremacista em grupos de Telegram
Foto: Reprodução

Enquanto o candidato republicano Donald Trump diz, sem evidências, que só perderá a eleição para Kamala Harris se houver fraude, membros do grupo radicais Proud Boys usam as redes sociais para disseminar mensagens de teor nazista, racista e questionar o processo eleitoral incitando a violência.

Os integrantes dessa organização foram peça central nos ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, que tentava impedir a posse do presidente eleito Joe Biden. O episódio deixou cinco mortos e dezenas de feridos.

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Entre as comunicações trocadas em grupos no Telegram há imagens incentivando o voto em Trump, símbolos supremacistas, homens segurando armas, memes incitando a violência e teses conspiratórias. Para garantir a segurança durante a votação e apuração, estados adotaram medidas de alerta que vão desde cercas ao redor de prédios ao acionamento da Guarda Nacional.

Ao longo dos últimos meses, veículos de imprensa nos Estados Unidos alertam sobre a atuação do Proud Boys (garotos orgulhosos, em tradução livre) durante as eleições. Nesta segunda, 4, o jornal The New York Times analisou mais de um milhão de mensagens de cerca de 50 canais do Telegram com mais de 500.000 membros. 

Imagens disseminada em grupos extremistas com a imagem "homens livres não obedecem a servidores públicos"
Foto: Reprodução

O teor das informações mostraram um movimento extenso e interligado entre membros do grupo para questionar a credibilidade da eleição presidencial, interferir no processo de votação e potencialmente contestar o resultado.

Outra reportagem da Reuters nesta terça, 5, informava que foram tomadas medidas de segurança em Las Vegas, com cercas ao redor de um prédio onde são tabulados os votos, um xerife mantém sua equipe em “alerta máximo” contra violência potencial com drones e atiradores de prontidão e a Guarda Nacional já foi ou será ativada em 19 estados para ajudar a manter a paz.

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Ainda que a Justiça americana tenha condenado e prendido lideranças do Proud Boys, a organização que defende ideias ultranacionalistas e ultraconservadoras atua em diversos estados de maneira descentralizada.

Em diferentes grupos virtuais dos estados de Indiana, Maryland e Kentucky, os integrantes trocavam mensagens na noite desta segunda e na manhã desta terça com o mesmo teor. Em um deles, no Texas, um membro postou uma imagem de Trump com um boné com o lema de sua campanha em inglês (Faça a América Grande de Novo), dizendo a "esquerdistas" que havia menos de 24 horas. A grande maioria das postagens é respondida com emojis fazendo “ok”. As comunidades observadas pela coluna no Telegram são acesso público.

O gesto com as mãos que se assemelha a um “ok” feito com o dedão e o indicador simboliza uma mensagem supremacista, com as letras “W” e “P”, fazendo referência a White Power (poder branco, em tradução livre), utilizado por neonazistas.

Outro grupo compartilhava a imagem de um homem mascarado segurando uma arma com as palavras “homens livres não obedecem aos servidores públicos”, uma frase reiteradamente disseminada por seus integrantes.

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Grupos manifestam apoio a Donald Trump. "Libdtards" é uma palavra ofensiva usada na extrema direita da política para se referir a pessoas de esquerda.
Foto:

Havia memes ridicularizando judeus dominando territórios europeus, relativizando pautas do movimento gay, feminista e negro e imagens pedindo a libertação de lideranças presas pelos ataques ao Capitólio. A coluna decidiu não reproduzir imagens e a íntegra das mensagens com teor racista e nazista.

As eleições acontecem nesta terça, 5, em todo o país. Mais de um terço dos eleitores aptos a votar nas eleições dos Estados Unidos registraram o seu voto antecipadamente. Segundo dados da Universidade da Flórida, mais de 78 milhões já enviaram suas opções pelos correios ou em sessões das cidades neste ano

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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