O presidente Lula (PT) foi corrigido pela primeira-dama, Janja da Silva, ao se referir às pessoas com deficiências como "portadores" de deficiência. O mandatário apresentava um livro tátil sobre Amazônia, recebido nesta semana do fotógrafo Sebastião Salgado, e disse que doaria o exemplar a alguma entidade a ser escolhida pelo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
“É uma novidade e vocês vão ver os personagens com a mão. Vou dar, Silvio, para alguém, você escolha uma entidade. Dependendo da quantidade e da necessidade, a gente pode ver como conseguiremos mais. Primeiro quero que vocês testem. É o seguinte, você tem um livro que pessoa que estiver acompanhando o portador pode ir lendo o que ele está tateando com a mão”, disse Lula durante a 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em Brasília, nesta quarta, 17.
Os convidados no evento começaram a reclamar fazendo um burburinho pela fala do presidente, que foi corrigido por Janja: “não é portador, é pessoa com deficiência”.
Lula, então, ajustou a fala dizendo: “pessoa com deficiência” e prosseguiu “as pessoas vão acompanhar [a leitura]. Se isso for importante e der certo e vocês acharem que é legal, a gente vai tentar providenciar para comprar alguns exemplares e tentar distribuir”.
O uso do termo "portador" é capacitista - uma forma de preconceito contra pessoas com deficiência, em que se julga que elas são inferiores ou limitadas. Lula já foi alvo de críticas em setembro de 2023, quando foi submetido a uma operação no fêmur e disse que não seria visto de muletas, "mas sempre bonito".
A Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência foi retomada em 2024 após oito anos sem acontecer. Na ocasião, foi apresentada a Carta de Brasília, com recomendações para diversos órgãos. O evento tem o tema: “Cenário Atual e Futuro na Implementação dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Construindo um Brasil mais Inclusivo".