O ex-policial militar e preso pelo assassinato de Marielle Franco (Psol) e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa, disse, em delação premiada, que mudou o lugar da emboscada do crime porque o endereço da vereadora tinha policiamento próximo.
A informação consta da delação de Lessa, que veio a público nesta sexta, 7, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes tirou parte do sigilo do processo.
“A gente já tinha informações sobre o endereço, a princípio o endereço residencial dela [...], tentamos algumas vezes em vão dar prosseguimento ao fato. Ali é uma área de difícil acesso, não tem como parar, tem policiais andando na calçada, pois ali existe um policiamento na calçada; então quer dizer, era um lugar difícil de monitorar”, contou Lessa.
Ele prosseguiu dizendo que o prédio não tinha garagem. “Então isso acabou tornando a coisa um pouco difícil; se tornou difícil porque não dava para parar, o único lugar que poderia parar tinha um policial parado de serviço; era um lugar que não tinha como monitorar, para saber se o carro dela estava dentro porque não tem garagem e também não sabia se ela tinha carro; então essas tratativas que nós não conseguimos lograr êxito, levou com que a gente procurasse outros meios”.
“Quais seriam outros meios, procurar a vida dela em si, nós tínhamos a informação de um bar que ela frequentava, nós conseguimos localizar esse bar, que é na Praça da Bandeira, ali próximo, só que também outro lugar de difícil...ou você tá no bar ou ficava fazendo o quarteirão; realmente, era uma missão que se tornou difícil, estava se tornando inviável até”, relatou.
O assassinato aconteceu em 2018, na Rua Joaquim Palhares, a cerca de 1,5 km da Praça da Bandeira, citada por Lessa. Na ocasião, Marielle e Anderson foram seguidos por cerca de 4 km entre a Casa das Pretas, na Lapa, e o local do crime. O ex-policial, que confessou o crime, foi preso em 2019 e prestou depoimento de colaboração em 9 de agosto de 2023.