O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), demitiu um de seus homens de confiança, Luciano Ferreira Cavalcante, do cargo de assessor da liderança do PP na Câmara. A decisão é de sexta-feira, 2, dia seguinte à operação da Polícia Federal (PF) que investiga desvios de verba da Educação, e foi publicada no boletim administrativo da Câmara desta segunda-feira, 5.
Cavalcante trabalhou na campanha de reeleição de Lira, ano passado, é um dos homens de confiança do presidente da Câmara e costuma participar de agendas e viagens de Lira. Antes de trabalhar com Lira, Cavalcante trabalhou no escritório de apoio do pai do presidente da Câmara, Benedito Lira (PP-AL), que era senador (2011-2018).
No dia da operação, Lira deu entrevista à GloboNews e disse que iria se "ater a receber informações mais precisas e cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste País”. Segundo relatos publicados pela imprensa, o presidente da Câmara se reuniu com o ministro da Justiça, Flávio Dino, de quem ouviu que a operação se deu em razão de decisão judicial. O nome de Lira não consta na operação policial.
Aliado de Lira, Cavalcante foi nomeado para a função de assessor na liderança do PP em 24 de março de 2017, cerca de um mês e meio após o deputado se tornar líder do partido. Pela função, recebia mensalmente R$ 14.744,74 brutos, mais R$ 1.331,59 de auxílios.
Apesar de ter se vinculado ao PP na Câmara, atualmente, Cavalcante preside a estrutura do União Brasil em Alagoas. PP e União Brasil são aliados em Brasília e integram o mesmo bloco parlamentar na Câmara. Ele já foi candidato a vice-prefeito de Atalaia, em Alagoas, em 2016, pelo PP. Segundo o TSE, à época, ele não declarou bens.
Na última quinta-feira, 1º, a PF cumpriu 27 mandados judiciais de busca e apreensão, em quatro Estados e no Distrito Federal, para investigar fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Durante a operação foi encontrado um cofre cheio de dinheiro.
Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), o esquema envolvendo kits de robóticas geraram perda aos cofres públicos de R$ 8,1 milhões e sobrepreço, com prejuízos que podem chegar a R$ 19,8 milhões. A operação foi autorizada pela 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Alagoas.
Diretor do MEC exonerado
Nesta segunda, também foi exonerado o diretor de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), Alexsander Moreira. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União, após operação da PF contra esquema de fraude em licitação e lavagem de dinheiro na venda de kits de robótica para escolas em Alagoas.
A demissão já havia sido anunciada na última quinta-feira, 1º, quando a PF deflagrou a operação, mas só foi efetivada nesta segunda.
De acordo com as investigações, Moreira teve R$ 737 mil em transações financeiras consideradas suspeitas. Parte dessas movimentações são depósitos em dinheiro vivo em suas contas, realizados entre outubro de 2021 e novembro de 2022.
A motivação para a exoneração, conforme apuração da GloboNews, seria a suspeita, por parte do MEC, de que o servidor possa ter se omitido, sem impedir os supostos desvios.