Na mira da PF, Bolsonaro pede que autoridades “esfriem e diminuam pressão”

Ex-presidente tem depoimento marcado na Polícia Federal nesta quinta, 22, e convocou manifestação popular para domingo, 25.

21 fev 2024 - 10h23
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Foto: Poder360

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu nesta quarta, 21, que “autoridades” “esfriem e diminuam a pressão”. A fala aconteceu durante uma entrevista à rádio CBN de Recife enquanto respondia sobre o que o motivou a organizar um ato político no dia 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, e se temia ser preso.

“Eu apelo a todas as autoridades, vamos esfriar. Vamos diminuir essa pressão. No momento, nem cidadão eu sou, porque estou sem direitos políticos. Vocês estão com a força, com o poder. Me aponte, nos quatro anos do meu governo, se persegui alguém. Se persegui um filho do Lula, ou quem quer que seja de esquerda. Se determinei que a Polícia Federal abrisse inquérito contra quem quer que fosse?”, declarou Bolsonaro sem especificar quem seriam as autoridades e a qual pressão se referia.

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Bolsonaro foi chamado para prestar depoimento à Polícia Federal nesta quinta, 22. A defesa do ex-presidente havia enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação pedindo que ele não prestasse depoimento, por não ter acesso integral aos materiais da investigação. O ministro responsável pelo caso, Alexandre de Moraes, negou o pedido e ordenou que ele vá ao depoimento, justificando que há acesso aos autos, menos à delação do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que é utilizada para desdobramentos das investigações. Com isso, a expectativa é de que Bolsonaro se mantenha em silêncio.

O ex-presidente e os principais aliados e ministros do seu governo estão na mira da Polícia Federal em pelo menos 7 investigações que vão do “gabinete do ódio”, ao caso das joias sauditas e tentativa de golpe de Estado. No início deste mês, ex-ministros e militares aliados a Bolsonaro foram alvos de mandados de busca e apreensão. Naquela ocasião, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o ex-mandatário teve que entregar seu passaporte.

“[O ato é] para mostrarmos para o Brasil e para o mundo uma fotografia de verde e amarelo do candidato que foi derrotado em 2022. E nesse momento, além da fotografia, eu me defenderia dessas acusações sobre esse golpe constitucional de Estado de sítio, que não foi dado o primeiro passo sequer sobre Estado de sítio”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente afirmou que no domingo vai repetir esta justificativa em sua defesa de maneira “mais pausada, com menos coisas”.

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“Eu não persegui ninguém. Por que essa perseguição em cima de mim? Por que a gente ficou com capital político, num momento de crise, guerra e pandemia, nós passamos por isso”, disse o ex-mandatário.

Questionado se o 8 de janeiro foi criação da esquerda, Bolsonaro lembrou frases do ministro da Defesa de Lula, José Múcio Monteiro, e do ex-ministro Aldo Rebelo que relativizaram a tentativa de golpe. 

“Quando se fala em golpe, até o Múcio falou, Aldo Rebelo falou e entre tantas outras pessoas de esquerda ou do próprio governo. [Para dar um] golpe tem que ter armas, conspiração, tanque na rua, uma autoridade, uma personalidade conduzindo. Nada disso teve, que loucura é essa, falar em golpe em 8 de janeiro?”, disse.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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