Com rezas, palmas e choro, 211 brasileiros desembarcaram da aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira nesta quarta-feira, 11, resgatados de Israel. Estes foram os primeiros repatriados pelo governo durante a escalada dos conflitos entre Israel e o Hamas, no último sábado, 7.
O Terra acompanhou a chegada da aeronave e o desembarque na Base Aérea de Brasília na madrugada desta quarta, 11. Os passageiros relataram momentos de tensão ouvindo sirenes, mísseis e explosões.
“[Vimos] o Iron Dome [proteção antimíssil de Israel] funcionando, o que vocês veem na televisão eu vi pessoalmente, acima da minha cabeça. Foi algo terrível, terrível” disse Cristina Balbi, de São Paulo.
“O primeiro ataque a gente quase não ouviu, mas o segundo ouvimos a sirene, o zumbido do míssel sendo lançado e o estrondo. Aí, a gente teve dimensão. Quando a gente chegou no hotel, tivemos a confirmação que tínhamos sido atacados e Israel decretou guerra”, contou Cristina.
O piloto da missão, o tenente-coronel Marcos Olivieri, contou que foi possível ouvir explosões quando estavam em solo israelense.
“A aproximação e decolagem de Tel Aviv foi bem tranquila. Tudo bem coordenado pelo controle do espaço aéreo de Israel. Mas no solo realmente escutamos explosões, não sabemos precisar se estavam próximas ou longe, mas ouvimos algumas explosões ao redor do aeroporto. Intercorrências não teve. Estávamos receosos obviamente, mas em momento algum pestanejamos, planejamento minucioso”, disse o piloto.
O turista paranaense, Narciso Glates, que estava em Israel, contou que buscou abrigo durante os ataques do Hamas, no sábado.
“Os aviões pareciam trovão em cima de Jerusalém, na base aérea de Jerusalém também. A gente ficou toda hora correndo, [ouvindo] sirene tocando, tinha que correr, mas não tinha para onde ir. Não tinha como sair do hotel, até que foi resolvido nosso problema para que pudéssemos regressar”, disse Narcísico Glates, turista de Engenheiro Beltrão (PR).
Outro repatriado, Francisco Bueno Júnior, de Tocantins contou que se escondeu em um bunker (abrigo antibomba).
"Amanhecemos surpreendidos com as sirenes tocando e toda nossa caravana indo para os bunker. Foi uma situação muito delicada. Depois fomos para o aeroporto e lá tivemos uma segunda experiência delicada, quando soou novamente a sirene e no aeroporto uma proporção muito maior, muito mais pessoas. Foi bem desafiador. Nossos voos foram cancelados. Quando as sirenes soam e você vê os anti mísseis sendo disparados, você ouve os mísseis inimigos sendo bombardedos em cima de você, você sente o tremer da terra, é muito desafiador", disse Bueno.
Gecilda Esteves, que é do Rio, contou que viu caças sobrevoando e ouviu as sirenes alertando para bombardeios na região de Monte Carmelo, onde rezava.
“No dia em que estávamos na região de Monte Carmelo vimos muitos caças e bem distante de onde estávamos vimos um sinal de fumaça longe. Onde estávamos em oração, vimos muitos caças passando. De maneira geral foi bem tranquilo, obviamente rola uma tensão quando você ouve as sirenes tocando”, disse Gecilda.
“Agradecer a todo empenho do governo brasileiro, agradecer a Deus e simbora viver a vida normal”, comemorou.