A Polícia Federal identificou a existência de “vínculo” entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o empresário Meyer Joseph Nigri para disparo de fake news contra a democracia e o Estado Democrático de Direito. A informação consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inquérito contra empresários que falavam de golpe em um grupo de WhatsApp.
Segundo a investigação, a “dinâmica ilícita” é apresentada numa troca de mensagens privadas entre Nigri e o contato “PR Bolsonaro 8”. O trecho do relatório da PF que consta na decisão diz que três mensagens investigadas foram encaminhadas pelo contato registrado como “Pr Bolsonaro 8” em conversa privada a Nigri e depois foram repassadas ao grupo “Empresários & Política”.
A mensagem enviada por “PR Bolsonaro 8” tem um vídeo e um texto que ataca a ação do ministro Luís Roberto Barroso de defender o "processo eleitoral como algo seguro e confiável". Diz ainda que o Datafolha “infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral. REPASSE AO MÁXIMO”
Em resposta, Nigri diz "já repassei para vários grupos!".
A decisão de Moraes destaca: “ou seja, a pessoa associada ao contato Pr Bolsonaro 8 enviou ao investigado MEYER NIGRI, as mensagens com conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso (fake News), atacando integrantes de instituições públicas especialmente Ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro”.
Neste grupo, “Empresários & Política”, havia oito empresários bolsonaristas que falavam sobre fraude às urnas. Na decisão de Moraes, foi determinado o arquivamento da investigação contra seis deles. Permanecem a investigação contra Nigri e o empresário Luciano Hang.
Ainda que a investigação da PF identifique o vínculo entre Bolsonaro e Nigri, as informações disponíveis na decisão não dizem se o contato “PR Bolsonaro 8” é realmente de Bolsonaro. O que aparece na decisão se refere ao número de telefone, de maneira ampla, como “pessoa associada ao contato PR Bolsonaro 8". Por se tratar de uma investigação que corre sob sigilo não estão disponíveis mais detalhes sobre o relatório da PF.
A coluna tentou contato com Nigri e Bolsonaro para se manifestarem sobre o conteúdo. O espaço está aberto para manifestação.