O presidente da Argentina, Javier Milei, causou mal estar entre diplomatas e lideranças no G20 durante o discurso que fez na cúpula, no Rio de Janeiro. Defensor do ultraliberalismo, o mandatário criticou a atuação do Estado na economia, e seu discurso foi o único a não ser aplaudido pelos presidentes e chefes de Estado das principais economias do mundo. Apenas a fala de Lula, presidente da cúpula deste ano, foi televisionada; as demais não.
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Segundo relataram à coluna dois membros do alto escalão do governo brasileiro que acompanharam a fala, a manifestação foi “constrangedora” e não teve apoio dos outros países. A manifestação de Milei aconteceu durante a primeira reunião da cúpula, quando todos os membros tratavam da Aliança Global Contra a Fome.
O discurso em defesa de uma atuação mínima do Estado foi rebatida pelo presidente de centro esquerda Gabriel Boric, do Chile. Ele criticou o período da condução liberal em seu país sob a ditadura instalada por Augusto Pinochet (1973-1990), sem citar o vizinho argentino.
Lula, que já tinha feito seu pronunciamento antes de Milei, não respondeu.
Argentina na oposição
Na cúpula do G20 deste ano, a Argentina tem se colocado como uma pedra no sapato da presidência brasileira. A recepção de Lula a Milei foi fria e formal na chegada ao Museu de Arte Moderna, onde ocorrem as discussões do G20. O líder argentino não quis participar do lançamento da Aliança Global de Combate à Fome, aderindo à iniciativa momentos depois dela ter sido oficializada por Lula.
“O presidente Milei ainda estava em um processo de entendimento, de diálogo. Ficou bem claro na fala e na posição que ele manifestou: de um lado, ele tem uma posição na defesa do liberalismo, na defesa de solução pelo mercado; mas as propostas que a Argentina defende estão nos termos da aliança. Propostas como o caminho da qualificação, do emprego, do apoio ao empreendedorismo”, disse o ministro do Desenvolvimento Social do governo Lula, Wellington Dias, o principal articulador da medida no G20.