O Brexit - a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) - pode significar também o fim do inglês como uma das línguas oficiais do bloco europeu.
A eurodeputada polonesa Danuta Hubner, presidente do Comitê de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, alertou na segunda-feira (27) que a saída do Reino Unido pode tirar o inglês da lista de 24 línguas oficiais.
Ciente disso ou não, o presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, falou em francês e alemão, claramente evitando o inglês, durante a sessão especial do Parlamento Europeu para debater o Brexit, nesta terça-feira, em Bruxelas. Em outras ocasiões, ele costumava usar o inglês.
Um dos poucos momentos em que Juncker usou o inglês foi quando se dirigiu ao líder do Ukip no Parlamento Europeu, Paul Nuttall, um dos mais ardorosos defensores da saída britânica da União Europeia. "Esta é a última vez que você está aplaudindo aqui. E, na verdade, estou realmente surpreso de que você esteja aqui. Você está lutando pela saída. O povo britânico votou a favor da saída. Por que você está aqui?", disse Juncker.
Hubner lembrou a regra europeia que permite a cada país registrar uma língua oficial. "Se não temos mais o Reino Unido, não temos mais o inglês", afirmou, acrescentando que manter o inglês como uma das línguas oficiais exigiria uma mudança na legislação europeia e, portanto, o aval de todos os países-membros.
Malta, que tem o inglês como língua oficial, escolheu o maltês quando entrou na União Europeia, em 2004. Já a Irlanda preferiu o gaélico. Até os anos 1990, o francês era a língua dominante na União Europeia.
Já o Wall Street Journal afirmou que, depois do referendo sobre o Brexit, a Comissão Europeia passou a usar mais o alemão e o francês em seus comunicados externos.
Documentos, leis e normas da União Europeia devem ser traduzidas para todas as 24 línguas oficiais do bloco, e a tradução é uma das principais tarefas da Comissão Europeia, que conta com uma equipe permanente de 1.750 linguistas e 600 assistentes.
Cidadãos da União Europeia têm o direito de se dirigir às instituições europeias em qualquer uma das 24 línguas, e também de receber uma resposta na sua língua. Além disso, qualquer projeto de lei deve ser traduzido para todos os idiomas oficiais no prazo de oito semanas.