Integrantes da Abin dificultaram investigações, diz PF

Alta cúpula do órgão não forneceu dados de sistemas e considerou a investigação como "fundo político"

25 jan 2024 - 19h11
(atualizado às 20h35)
Órgão conduzia espionagem ilegal para Bolsonaro
Órgão conduzia espionagem ilegal para Bolsonaro
Foto: Antônio Cruz / Perfil Brasil

A Polícia Federal afirmou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que integrantes da alta cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), inclusive nomes indicados pelo atual presidente da República, Luiz Inácio lula da Silva, dificultaram a investigação sobre operações ilegais do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro.

"A preocupação de 'exposição de documentos' para segurança das operações de 'inteligência', em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin", descreveu o relatório da PF.

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O ex-diretor da Abin, Paulo Maurício Fortunato, não forneceu, quando solicitado, dados da ferramenta First Mile, usada pela agência para monitoramento de dados e localização de celulares.

Segundo a PF, Fortunato "tinha a posse dos logs [do sistema], mas nos termos declarados pelo gestor Paulo Magno, teria se livrado [desses logs] antes de sair". Ele foi exonerado da Abin após a Operação Última Milha revelar o uso irregular do First Mile pela Abin.

Outro caso é o de Alessandro Moretti, "número dois" no comando do órgão, que, em reunião com suspeitos, afirmou que a investigação "tinha fundo político e ia passar".

"A gravidade ímpar dos fatos é incrementada com o possível conluio de parte dos investigados [da gestão anterior] com a atual alta gestão da Abin, cujo resultado causou prejuízo para a presente investigação, para os investigados e para a própria instituição", declarou a PF no relatório.

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Quem é Alexandre Ramagem, alvo de operação da PF Quem é Alexandre Ramagem, alvo de operação da PF

 O que aconteceu?

Nesta quinta-feira (25), a PF deflagrou uma operação de investigação de atividades de espionagem ilegais conduzidas pela Abin durante o governo de Jair Bolsonaro.

Os agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão, um deles contra Alexandre Ramagen, diretor da Abin durante o antigo mandato. O órgão utilizava ferramentas para monitorar supostos "inimigos" de Bolsonaro e sua família, como Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e até responsáveis pela investigação do Caso Marielle.

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