Os eleitores baianos deverão voltar às urnas no dia 30 de outubro para escolher o próximo governador do Estado. Jerônimo Rodrigues (PT) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) se enfrentarão no segundo turno das eleições.
Com 99,09% das urnas apuradas, Jerônimo Rodrigues (PT) recebeu 49,32% votos. Já ACM Neto emplacou 40,89% votos. Também disputaram João Roma (PL); Kleber Rosa (PSOL); Marcelo Millet (PCO) e Giovani Damico (PCB).
Se o resultado do segundo turno eleger o petista Jerônimo Rodrigues, o estado da Bahia chegará ao quinto mandato consecutivo do Partido dos Trabalhadores. Por outro lado, se ACM Neto for o mais votado no dia 30 de outubro, será o primeiro governador eleito que não é do PT nos últimos 16 anos.
Campanha na Bahia
A reta final da corrida eleitoral ao governo da Bahia foi marcada por uma polêmica envolvendo ACM Neto. O político se autodeclarou pardo ao TSE, o que provocou questionamentos e até repercussão negativa para o ex-prefeito nas redes sociais.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra no Brasil é formada por pessoas que se autodeclaram pretas e pardas. No caso da Bahia, cerca de 80% da população do Estado se declara negra, conforme dados coletados em 2018 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE.
"Me autodeclarei pardo porque assim me vejo. Não recebi nada a mais por isso", respondeu o então candidato durante o debate, sem voltar atrás em sua posição.
O tema chegou até virar destaque no último debate entre os candidatos ao governo do Estado, que aconteceu na terça-feira, 27, na TV Bahia, afiliada da Rede Globo. As tensões entre os candidatos se intensificaram, e Jerônimo Rodrigues (PT) e João Roma (PL) fizeram "dobradinha" contra ACM Neto. Segundo eles, a autodeclaração de Neto foi um ato de desrespeito e conveniência –isso porque, conforme decisão do TSE em 2020, a declaração racial passou a impactar diretamente na distribuição de fundo e horário eleitorais.
A autodeclaração impactou a percepção dos eleitores quanto a ACM Neto e até impediu o ex-prefeito de ganhar a eleição no primeiro turno. O candidato do União Brasil chegou a liderar as pesquisas de intenções de votos ao longo da campanha.
Nos últimos dias da corrida eleitoral, Jerônimo apareceu com uma vantagem inédita de 8 pontos. O resultado foi divulgado dia 29 setembro pela pesquisa Atlas/Intel. Nesse cenário de 'virada', o petista chegou a 48,3% das intenções de votos válidos, enquanto ACM Neto marcou 40,4%.
Já segundo a última pesquisa do Ipec, divulgada na véspera da eleição, dia 1º, ACM Neto seguia sendo o preferido, com 51% das intenções de voto. O candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, aparecia na sequência, com 40%. João Roma (PL) estava com 7% das intenções de voto. O levantamento tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 92 cidades da Bahia.
Sobre Jerônimo Rodrigues (PT)
Jerônimo Rodrigues Souza, de 57 anos, nasceu em um povoado de Palmeirinha, na cidade de Aiquara, localizada a 400 quilômetros de Salvador. Ele é professor licenciado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e formado em Engenharia Agronômica.
Se eleito governador da Bahia no segundo turno, ele pretende dar continuidade às gestões petistas de Rui Costa, que governou o Estado nos últimos dois mandatos, e Jaques Wagner, que o antecedeu. Em decisão da Executiva Estadual do partido, Jerônimo Rodrigues teve sua candidatura lançada oficialmente em 30 de julho, e essa é a primeira vez que ele disputa uma eleição. Seus bens declarados são de R$ 515.216.
Jerônimo foi secretário estadual do Desenvolvimento Rural entre 2015 e 2019, onde fortaleceu o diálogo do governo estadual com os movimentos do campo. Na sequência, ingressou na secretaria de Educação, mas deixou o cargo em março deste ano para disputar a eleição. Durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no governo federal, Jerônimo foi secretário nacional do Desenvolvimento Territorial.
Seu vice é o presidente da Câmara de Salvador Geraldo Júnior (MDB), de 53 anos. Ele é advogado e vereador em seu quarto mandato.
Sobre ACM Neto
Nascido em Salvador, ACM Neto tem 43 anos, é advogado, empresário e vem de uma família com tradicional atuação política no país. Ele herdou o nome de seu falecido avô, Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), que foi governador da Bahia três vezes – duas delas por nomeação durante o regime militar.
O político foi eleito prefeito de Salvador por dois mandatos, em 2012 e 2016. Agora, assume o governo da Bahia com a coligação "Pra Mudar a Bahia". Seus bens declarados são avaliados em R$ 41.718.572,69.
Desde jovem, ACM Neto acompanhava de perto as campanhas políticas de seu avô. Em 1997, aos 18 anos, se filiou ao Partido da Frente Liberal (PFL) –que depois passou a se chamar Democratas (DEM) e agora, após fusão com o PSL, se tornou União Brasil.
Dois anos depois, em 1999, ele assumiu a diretoria nacional do PFL Jovem e se tornou assessor da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Em 2002, foi eleito deputado federal. Em 2006, ACM Neto se destacou com sua participação na CPI dos Correios e se reelegeu. Se candidatou à prefeitura de Salvador em 2008, mas não conseguiu o cargo. Então, em 2010, teve seu terceiro mandato como deputado federal, sendo o mais votado da Bahia.
Com a trajetória política mais consolidada, foi eleito prefeito de Salvador no segundo turno das eleições de 2012, com 53% dos votos válidos – contra 46% de seu adversário petista, Nelson Pelegrino. Em 2015, ele foi reeleito com 74% dos votos válidos.
Em 2018, ele assumiu a presidência nacional do Democratas (DEM) e, em 2022, se tornou secretário-geral do União Brasil.