Junto com PSL, Novo é partido mais fiel ao governo na Câmara

De 17 propostas que foram a plenário, só em uma os oito deputados do Novo votaram contra a vontade do Planalto; vice-líder nega ser base

30 mai 2019 - 05h22
(atualizado às 08h07)

Brasília - Com bandeiras semelhantes às que elegeram o presidente Jair Bolsonaro, como agenda econômica liberal e o antipetismo, o Novo tem sido, ao lado do PSL, o partido mais "fiel" ao governo em votações na Câmara dos Deputados. Nesta quarta-feira, 29, o presidente recebeu a bancada da legenda no Palácio do Planalto.

O Estado analisou os votos dos oito deputados da sigla nas 17 propostas legislativas que passaram pelo plenário da Casa desde fevereiro. A bancada do Novo só contrariou o governo uma vez: ao apoiar a derrubada, em fevereiro, do decreto presidencial que ampliava o rol de funcionários aptos a impor sigilo a documentos públicos. Na ocasião, os parlamentares apoiaram proposta da oposição para sustar o ato da Presidência da República, mais tarde revogado por Bolsonaro.

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O alinhamento não se deu apenas em temas econômicos. A convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, por 307 votos a 82, evidenciou a posição do Novo em defesa do governo numa pauta de teor mais político. O partido isolou-se ao lado do PSL, legenda de Bolsonaro, e do governo ao orientar seus parlamentares contra a convocação do titular da Educação. Todos os demais partidos ficaram a favor, o que provocou a mais expressiva derrota do Palácio do Planalto até agora na Câmara.

Ao centro, deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS) em sessão sobre o projeto da reforma da Previdência, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF)
Ao centro, deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS) em sessão sobre o projeto da reforma da Previdência, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF)
Foto: DIDA SAMPAIO / Estadão Conteúdo

O vice-líder do Novo, deputado Tiago Mitraud (MG), argumentou, na ocasião, que a convocação do ministro ao plenário da Câmara serviria para dar palanque à oposição. "Somos um partido independente. Não compomos a base do governo, mas vamos defender as medidas que têm de ser defendidas em prol do Brasil. E, definitivamente, agora, o que não é melhor para o País é criar palanque para a oposição", disse o parlamentar.

Elogiado por integrantes da equipe econômica, o líder da legenda na Câmara, Marcel Van Hattem (Novo-RS), se aproximou do clã Bolsonaro depois de se enturmar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho "03" do presidente. Ele nega que o partido caminhe para virar base do governo.

"De forma nenhuma. O partido é independente, apoia projeto a projeto. É, até certo ponto, coincidência o fato de que estejamos votando com o governo, no sentido de que coincidem muitas das iniciativas com aquelas que o partido Novo defende", afirmou Van Hattem, que, no domingo passado, esteve em manifestação no Rio Grande do Sul a favor do governo.

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Presidente do Novo e candidato derrotado ao Palácio do Planalto na eleição do ano passado, João Amoêdo se reuniu com Bolsonaro em abril. Na ocasião, prometeu dedicação da sigla para aprovar a reforma da Previdência, mas sem um apoio formal ao governo. "O Novo é um partido independente, guiado pelos seus princípios e valores", disse Amoêdo ao Estado.

O partido também acompanhou o governo na medida provisória da reforma administrativa, quando Centrão e oposição derrotaram o Planalto e tiraram o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça. O Novo defendeu o governo, numa derrota por 228 a 210 votos.

A sigla ainda tentou, mas não conseguiu, barrar a criminalização do assédio moral no trabalho - os deputados consideraram o projeto prejudicial ao empreendedor e de desestímulo ao emprego.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é filiado ao partido, mas a sua indicação não teria passado por um acordo de cúpula.

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