Segundo governo russo, repúdio do Ocidente ao armazenamento nuclear em solo belarusso seria incompatível com tolerância de armas americanas na Europa. Na Ucrânia, Zelenski otimista com perspectivas de ingresso na Otan.O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, qualificou neste domingo (09/04) como "histérica" a reação dos países ocidentais aos planos da Rússia de armazenar armas nucleares táticas em Belarus.
"O Ocidente coletivo não parece inclinado a lembrar de algum modo a questão das armas nucleares americanas, implantadas aqui na Europa, ao redor do nosso país. Mas nesse caso estão inclinados a uma reação histérica aos nossos planos de construir silos para o armazenamento de armas nucleares táticas em território belarusso", disse em entrevista.
No início de abril, ele admitira que a instalação de armas nucleares em Belarus, anunciada pelo presidente Vladimir Putin em 25 de março, seria uma resposta à ampliação da Organização do Tratado das Nações Unidas (Otan): "A Aliança está se expandindo em direção à fronteira russa, não é a Rússia que está se aproximando da Otan", comentou Peskov, referindo-se à entrada da Finlândia no bloco.
Por sua vez, o secretário do Conselho de Segurança de Belarus, Aleksandr Volfovich, descartou, em princípio, o emprego de armas nucleares táticas: "O importante não é a quantidade, o importante é a qualidade e saber usar. E nós sabemos como fazer [... Mas] acho que não vamos usar", citou agência oficial de notícias Belta.
Volfovich destacou ainda que as armas nucleares, sejam táticas ou estratégicas, destinam-se a dissuadir e "garantir a segurança da Rússia e de Belarus". Quanto aos prazos de implantação, disse ser uma decisão que cabe aos presidentes russo, Vladimir Putin, e belarusso, Aleksandr Lukashenko.
Zelenski otimista com Ucrânia na Otan
Por sua vez, o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelenski, disse considerar que seu país está a caminho do ingresso na aliança transatlântica, a despeito da invasão pela Rússia, que já dura mais de um ano: graças à nova ajuda militar ocidental a Ucrânia teria tido uma boa semana para seu "movimento em direção à Otan", declarou neste domingo, em sua mensagem de vídeo diária.
Ele justificou seu otimismo com o fato de a Lituânia, país-membro da União Europeia, ter reconhecido a necessidade de que se convide Kiev a integrar para o bloco, durante a conferência de cúpula da Otan a se realizar em julho, na capital Vílnius.
Nesta primeira semana de abril, o parlamento do país báltico decidiu empenhar-se pela filiação ucraniana à aliança militar. A Polônia também já assegurou seu apoio a Kiev nessa candidatura.
Por sua vez, os governos da Alemanha e dos Estados Unidos se manifestaram reservados. Em geral, uma das pré-condições para o ingresso à Otan é o candidato não estar envolvido em conflitos internacionais nem rivalidades territoriais - ambas premissas anuladas quando a Rússia iniciou a guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também excluiu indiretamente uma filiação ucraniana em tempos de guerra, ao frisar que um pré-requisito seria o país resistir ao conflito como nação democrática independente.
av (EFE,Reuters,AFP)