BRASÍLIA - Mesmo licenciado do mandato, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) continuará com acesso a um imóvel funcional e ao plano de saúde do Senado. Em estratégia combinada com a cúpula do Senado, Rodrigues pediu licença de quatro meses após ser flagrado pela Polícia Federal com R$ 33.150 na cueca, acusado de desviar recursos da covid-19.
O Senado desencadeou um movimento para salvar o mandato do senador. Ao pedir a licença, o ex-vice-líder do governo de Jair Bolsonaro destacou que não receberia remuneração nesse período, ou seja, ficaria sem o salário mensal de R$ 33.763,00 e demais verbas a que tem direito no gabinete. Essa função, porém, pode ficar com o filho Pedro Arthur (DEM-RR), que é seu suplente e o primeiro da fila para assumir a vaga.
"O senador licenciado Chico Rodrigues não receberá o subsídio mensal, nem terá acesso à estrutura administrativa do gabinete parlamentar. Durante o período da licença, fará jus apenas ao plano de saúde e ao imóvel funcional", afirmou a assessoria do Senado após questionamentos do Estadão/Broadcast.
Com o imóvel funcional, Rodrigues tem acesso a um apartamento reservado a parlamentares em Brasília. Além disso, com o plano de saúde, poderá cobrar dos cofres públicos o ressarcimento com despesas médicas. O benefício, aliás, é vitalício, até mesmo para ex-parlamentares.
Como o Estadão/Broadcast antecipou, o filho de Rodrigues não deve assumir a vaga tão cedo. Nos bastidores, toda a articulação política foi construída para diminuir os holofotes sobre o escândalo. Mesmo assim, ao assumir a cadeira, Pedro Arthur herdará os benefícios. Pode optar entre o imóvel funcional ou auxílio moradia (R$ 5,5 mil por mês). Ao deixar Boa Vista (RR), onde mora, Pedro também tem direito a embolsar o auxílio-mudança, equivalente ao salário de R$ 33.763 e, no cargo, contará com plano de saúde, ressarcimento de despesas médicas, cota mensal de R$ 40,7 mil, além de escritório de apoio no Estado e funcionários de gabinete.
Até agora, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), está segurando a autorização para o funcionamento do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, responsável por julgar a representação contra Rodrigues.
Pelo regimento do Senado, o primeiro suplente terá 30 dias para assumir a vaga após convocação. Depois desse prazo, é chamado o segundo suplente, que, no caso, é Onésimo de Souza Cruz Netto. Ao ocupar a cadeira, o suplente tem todos os direitos de um parlamentar, como carro oficial e estrutura de gabinete. COLABOROU FELIPE FRAZÃO