Líderes europeus lamentam Brexit, eurocéticos comemoram

Apesar de resultado do referendo, políticos de ponta não esperam reação em cadeia em outros países e defendem mudanças na União Europeia.

24 jun 2016 - 07h41
(atualizado às 08h06)
Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk (esq.) em conversa com a chanceler alemã Angela Merkel
Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk (esq.) em conversa com a chanceler alemã Angela Merkel
Foto: Getty Images

O Reino Unido optou pela saída da União Europeia (UE) nesta quinta-feira (23), em votação histórica. O resultado surpreendeu líderes europeus, mas muitos acreditam que a decisão britânica não deve provocar uma reação em cadeia nos países membros do bloco.

"Hoje em nome dos 27 líderes, posso dizer que estamos determinados a manter a nossa unidade como 27", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "É verdade que os anos passados foram os mais difíceis da história da nossa União, mas sempre me lembro do que meu pai costumava dizer: 'o que não mata o torna mais forte'."

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O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, descartou uma reação em cadeia em outros países-membros, principalmente devido aos impactos econômicos negativos que os britânicos enfrentarão em consequência do Brexit.

"Não acredito que outros países serão encorajados a seguir esse caminho perigoso", disse Schulz, acrescentando esperar que as negociações sobre a saída do Reino Unido comecem rapidamente.

O chanceler federal da Áustria, Christian Kern, tampouco espera um efeito-dominó após o referendo e descartou uma votação semelhante em seu país, mas advertiu: "A Europa perderá status e importância no mundo por causa do passo britânico. Impactos econômicos serão sentidos por algum tempo."

Tempo de mudanças

O vice-chanceler federal da Alemanha, Sigmar Gabriel, considerou o resultado do referendo no Reino Unido um dia ruim para a Europa. Contudo ele não vê essa situação como um fim, mas "uma chance de recomeço".

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O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, se disse desapontado com a votação e convocou uma reunião de emergência com os colegas de pasta da França, Itália. Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

Para o ministro francês do Exterior, Jean-Marc Ayrault, o resultado do referendo é triste para a União Europeia. Ele acrescentou que a Europa deve continuar, porém precisa recuperar a confiança da população.

Os primeiros-ministros da Itália, Matteo Renzi, e da Suécia, Stefan Löfven, ressaltaram que o resultado revela como o bloco precisa de algumas mudanças para atender às expectativas da população. "Precisamos mudar para fazer uma Europa mais humana e mais justa, mas ela é nossa casa e nosso futuro", defendeu.

Eurocéticos comemoram

Enquanto líderes pró-Europa tentaram minimizar os efeitos do resultado do referendo, eurocéticos comemoram o Brexit. Partidos extremistas de direita da França e Holanda pediram uma eleição semelhante em seus países.

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A líder do partido populista de direita francês Frente Nacional, Marine Le Pen, classificou o resultado como uma "vitória da democracia". Geert Wilders, líder da legenda de extrema direita holandesa Partido para a Liberdade (PVV), também reivindicou um referendo semelhante no país.

Em viagem pela Escócia, o pré-candidato republicano à Casa Branca Donald Trump comemorou o Brexit. "Os britânicos reassumiram o controle do seu país. As pessoas estão zangadas em todo o mundo, estão zangadas com as fronteiras, com gente vindo para o país e tomando conta. Ninguém nem sabe quem eles são", pontificou.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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