Na última segunda-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez declarações sobre a concentração de riqueza global durante a premiação anual da Fundação Gates em Nova York.
Lula, que foi homenageado por sua contribuição na luta contra a fome e a erradicação da pobreza, criticou a distribuição desigual de recursos ao lado do empresário Bill Gates, fundador da Microsoft.
O mandatário brasileiro reforçou sua posição de que não falta dinheiro no mundo para combater a fome, mas sim que os recursos estão mal distribuídos, concentrando-se nas mãos de poucos e sendo gastos em áreas como a comercialização de armas.
Concentração de riqueza
Durante o evento, Lula destacou que "você tem hoje no planeta Terra cinco mega empresários que têm mais dinheiro do que dez países". Ele argumentou que a desigualdade extrema é insustentável e prejudica o desenvolvimento global. "Não sou contra ninguém ser rico, sou contra as pessoas serem pobres", afirmou, recebendo aplausos entusiasmados da plateia.
Bill Gates, por sua vez, não demonstrou discordância com as declarações de Lula. Em entrevista recente à Folha de São Paulo, Gates afirmou ser favorável à taxação dos super-ricos, fortalecendo a ideia de que os bilionários também podem ser parte da solução para a desigualdade econômica.
Soluções para a desigualdade
Lula sugere que é necessário um modelo econômico mais inclusivo, onde os trabalhadores tenham acesso a salários justos que lhes permitam consumir os produtos que eles mesmos produzem. Esta ideia remete à conhecida tese de Henry Ford, mencionada pelo presidente brasileiro, de que melhores salários ajudam a impulsionar a economia.
"Tenho que pagar salário ao meu trabalhador para ele consumir o produto que ele produz. Essa é a tese extraordinária. Como pode o trabalhador trabalhar na padaria e não ter dinheiro para comprar pão?", disse Lula.
Nova governança global
Além de falar sobre a concentração de riqueza, o presidente do Brasil também abordou questões de governança global. Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, ele planeja discutir a necessidade de reformar a estrutura do órgão e do Conselho de Segurança. Segundo Lula, as Nações Unidas precisam de mais coragem para tomar decisões importantes e inclusivas, como a criação do Estado palestino.
"O mundo está desgovernado. Ninguém respeita ninguém. A ONU, quando foi criada tinha 51 países que eram sócios, agora tem 193. Significa que mais de 140 não participaram quando [a ONU] foi criada, e ela teve força para criar o Estado de Israel. [Agora] não tem coragem de criar o Estado Palestino", pontuou Lula.
Durante a premiação do Goalkeepers 2024, falei a Bill Gates e aos convidados sobre a experiência brasileira com o Bolsa Família e as políticas públicas implementadas pelos nossos governos no combate à miséria, visando retirar o país do Mapa da Fome.
[image or embed]
— Lula (@lula.com.br) 23 de setembro de 2024 21:34