Cerca de 175 israelenses que estavam em países da América Latina embarcaram no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, para Tel Aviv, em Israel. O embarque, segundo informações do jornal A Folha de São Paulo, aconteceu nesta sexta-feira, 13, e reuniu homens e mulheres com idades entre 20 e 30 anos.
"Quero deixar claro que nós não odiamos os palestinos", disse Jonathan, de 22 anos. "Nós apenas amamos Israel", seguiu segurando uma bandeira de seu país durante o check-in no Terminal 3. O israelense que fazia turismo pela América Latina, já esteve no México, e sua última parada era a Colômbia, mas os planos foram interrompidos.
Havia entre os israelenses reservistas do Exército, paramédicos, que regressam para ajudar na infraestrutura de saúde isralense, e outros voluntários. A israelense Roni Harel, de 31 anos, faz parte deste grupo. Ela serviu durante o início da vida adulta e estava no Brasil há duas semanas para passar a lua de mel junto com o marido, também reservista, em Salvador.
"Não conseguimos aproveitar. Apenas pensávamos em nossa família. Há medo, claro. Meu corpo todo está tremendo, e tive pesadelos", relatou. "Mas o único lugar que queria estar agora é Israel."
No início do conflito, Tel Aviv anunciou que estaria convocando cerca de 300 mil reservistas para somarem às forças israelenses. No país, todo cidadão, independente de gênero, maior de 18 anos deve servir ao Exército se for judeu, druso ou circassiano. Homens servem 32 meses e mulheres 2 anos.
Já os israelenses Tal Hisherik, de 22 anos, e Daniel Taller, de 29, estão retornando para se voluntariar em algum hospital como paramédicos. "Os serviços de emergência estão sobrecarregados. Além dos feridos, há crises desencadeadas pelo medo e pela ansiedade generalizados", diz Daniel.
Taller também expressa o medo que sente pelos palestinos que estão em Gaza. Frente à iminência de uma invasão por terra do território adjacente a Israel, ele diz esperar que as ações do Exército possam "causar o mínimo de consequências possível para os civis".
Segundo Rafael Erdreich, cônsul de Israel em São Paulo, esse não é o primeiro voo que sai da América Latina com repatriados —ao menos outros dois já saíram de México e Peru.
Erdreich diz que é grande o volume de israelenses que voluntariamente tentam voltar ao país para ajudar de alguma forma, mas que começa a diminuir a disponibilidade de voos comerciais, o que impulsiona a iniciativa diplomática de organizar as viagens.
Muitos do grupo relataram conhecer ao menos uma pessoa que foi vítima da guerra. Em sua maioria, aqueles que estavam presentes no festival de música atacado por membros do Hamas no último sábado (7), nos arredores da Faixa de Gaza. Neste evento que, acredita-se, três brasileiros morreram.