Após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, 4, o presidente do MDB, Romero Jucá, admitiu que é preciso construir uma "nova modelagem na relação política", pois a antiga foi "vencida pelas urnas". Jucá não conseguiu se reeleger como senador na última eleição, após três mandatos consecutivos. O emedebista deixou claro que o partido não quer fazer parte da base aliada do governo e não garantiu apoio irrestrito à reforma da Previdência.
Apesar do discurso sobre a nova forma de atuação, Jucá rebateu críticas de Bolsonaro em relação ao que chama de "velha política" e defendeu o diálogo entre o governo, os partidos e parlamentares. Segundo o emedebista, "Bolsonaro acabou concordando que o que vale é a boa política". "Não existe nova ou velha política, existe política", defendeu Jucá durante coletiva de imprensa.
Jucá reforçou que o MDB não tem interesse em integrar formalmente a base aliada do governo e não está em busca de cargos em ministérios, mas quer propor uma agenda "econômica e social" ao governo. "Ser ou não ser da base é uma questão passada, discussão agora é temática", disse. "O MDB não quer ser base, quer ter uma agenda", reiterou.
Também declarou que "não se faz política sem diálogo" e o MDB estará disposto a conversar com o governo. "Com diálogo, tem menos chance de errar. E sei que o governo quer acertar."
O ex-senador elogiou Bolsonaro por chamar os dirigentes partidários para conversar e disse que ele foi "simpático". O gesto, na visão dele, "mostra uma mão estendida e um desprendimento".
"O governo pode ter equívocos, mas tem que ter agilidade para corrigi-los", avaliou. O governo Bolsonaro tem sido criticado pela falta de interlocução com o Congresso e enfrenta dificuldades para viabilizar a reforma da Previdência.
Sobre a proposta, lembrou que a reforma da Previdência foi apresentada durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). O apoio, no entanto, possui restrições. "Sou favorável à reforma, mas questões específicas precisam ser discutidas." Assim como o PSDB, os emedebistas são contra as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago para idosos e deficientes de baixa renda, e alterações propostas na aposentadoria rural.
Jucá fez ponderações sobre trechos da proposta que tratam do modelo de capitalização. Para ele, o modelo apresentado precisa ser discutido porque "não está claro e não está ajustado".