A Nasa confirmou nesta terça-feira (12/10) que o impacto de sua espaçonave Dart na superfície do asteroide Dimorfo, localizado a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra, conseguiu desviar a trajetória dele, como era a intenção da missão.
O administrador da agência espacial americana, Bill Nelson, disse que, antes do impacto, o Dimorfo levava 11 horas e 55 minutos para orbitar outro asteroide maior, chamado Dídimo, com o qual forma um sistema de asteroide duplo. A nave conseguiu reduzir essa órbita em 32 minutos.
"Teria sido um sucesso se tivesse desacelerado [a órbita] em apenas cerca de 10 minutos, mas na verdade a reduziu em 32 minutos", disse Nelson, comemorando o sucesso da missão realizada em setembro. A órbita do Dimorfo agora se aproximou cerca de dez metros do outro asteroide, e a mudança resultante em sua trajetória é permanente.
Foi a primeira vez na história da humanidade que se tentou mudar a trajetória de um corpo celeste, como teste para um possível futuro caso em que se precise proteger a Terra de asteroides semelhantes ao que causou a extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos.
O impacto da Dart (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) ocorreu em 26 de setembro e foi transmitido ao vivo. Essa nave não tripulada tinha aproximadamente o mesmo tamanho de uma geladeira e custou mais de 330 milhões de dólares para ser construída.
Missão de defesa planetária
Dimorfo e o asteroide maior que ele orbita foram selecionados pela Nasa por não representarem uma ameaça para a Terra. Eles pertencem a uma classe de corpos celestes conhecida como Objetos Próximos da Terra (NEO, na sigla em inglês), que transitam num raio de 48 milhões de quilômetros da Terra.
Existem cerca de 10 mil asteroides considerados próximos à Terra com ao menos 140 metros de tamanho, mas nenhum tem chance significativa de atingir o planeta nos próximos 100 anos. Mas cientistas advertem que deve haver mais de 15 mil desses objetos a serem descobertos.
A Nasa destacou que as conclusões desta terça-feira são apenas "o começo" de todas as informações que esperam que sejam proporcionadas por essa missão, projetada para testar a tecnologia existente no caso de haver algum corpo celeste que represente um perigo direto.
A missão procurava desviar o asteroide em questão, não destruí-lo. "Não é para explodir o asteroide em milhões de pedaços, mas para dar um pequeno empurrão", explicou Nancy Chabot, uma das principais pesquisadoras que trabalham na Dart.
Quebrar um asteroide pode gerar diversos fragmentos menores que continuariam indo em direção ao planeta. A Nasa destacou que um dos elementos-chave para realizar missões semelhantes com sucesso é a detecção precoce.
Os cálculos feitos nesta terça-feira têm uma margem de erro de aproximadamente dois minutos. Os astrônomos agora continuarão a estudar as imagens do Dimorfo obtidas para estimar aproximadamente sua massa e forma.
A Agência Espacial Europeia (ESA) está preparando sua própria missão para estudar o asteroide de perto. Para isso, usará a espaçonave HERA, com lançamento programado para 2024. Enquanto isso, a China também está planejando uma missão de defesa planetária para 2026.