O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência descartou a possibilidade de os baixos índices popularidade do presidente Michel Temer contaminarem sua campanha nas eleições de 2018. Em entrevista ao Broadcast Político, Meirelles empenhou-se em defender os feitos do governo diante da crise e minimizou a avaliação precária da gestão. Mas ressaltou que sua candidatura é a continuidade de seu próprio trabalho e não dos governos que integrou.
Meirelles citou não só o governo Temer, como também o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual foi presidente do Banco Central. "Eu represento o meu trabalho. Fui presidente do Banco Central durante oito anos no governo do Lula. E fui responsável pela estabilização da economia, pelo controle da inflação, pelo crescimento e por tratar de um ponto crítico na época, que era a área externa, a questão cambial. Fatores críticos que levaram o Brasil à crise de 2018", afirmou o emedebista. "Isso não quer dizer que sou representante do governo Lula. Sou representante do trabalho que eu fiz."
Sobre o fato de Temer ter optado por permanecer fora da campanha eleitoral, Meirelles emendou: "A decisão de participar ou não participar da campanha, seja do presidente da República ou qualquer líder do MDB, é uma questão individual. Aceito participações e apoio de todos os líderes, seja do MDB, partidos aliados ou outros setores da sociedade."
Meirelles voltou a dizer que terá maioria na convenção do MDB, que deve confirmar em 2 de agosto sua candidatura ao Palácio do Planalto. Ele afirmou contar com algo em torno de 70% dos votos dos delegados. Questionado sobre como assegurar que esses votos se traduzam em apoio concreto nos Estados, o ministro disse entender que a candidatura própria inclusive ajuda os palanques regionais.
"Em um Estado aqui e outro ali pode haver uma questão pontual, mas absolutamente compreensível", afirmou Meirelles.
De acordo com ele, a consolidação da candidatura também impacta em sua capacidade de atrair apoios fora do partido, seja de outras legendas ou de setores da sociedade civil. Ele pontuou que foi totalmente contornada, por exemplo, a indefinição sobre se ele seria capaz de angariar o apoio de seu próprio partido para concorrer.
"No momento em que o partido se formaliza, acho que isso aí vai ter um impacto muito grande. Muitas pessoas começam a mudar de posição. Primeiro, achavam que o MDB não iria se definir, e agora que enxergam que vai se definir. Muita gente começa a me procurar."
Economia
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles saiu mais uma vez em defesa do teto de gastos públicos aprovado durante o governo do presidente Michel Temer. Ele argumentou que é fundamental o Brasil reduzir despesas obrigatórias e destacou que não pode haver aumento de impostos para financiar esse tipo de gasto.
"Temos que diminuir sim as despesas obrigatórias. Isso é insustentável. Não haverá aumento de impostos que vão financiar um aumento das despesas obrigatórias", afirmou o ex-ministro, que participou da rodada de entrevistas do Broadcast Político com presidenciáveis.
Questionado sobre como pretende lidar com uma base fragmentada no Congresso nesses casos, Meirelles disse que a argumentação clara sobre o impacto sobre as contas públicas permitiu ao atual governo angariar apoio congressual a medidas como o teto ou ainda a reforma trabalhista. "Tudo é possível, mediante discussão direta, objetiva, franca e apresentação de dados", afirmou, acrescentando que já começou-se a discutir também a reforma tributária.
"Eu não gosto muito de falatório. Falar é fácil. Ter candidato falando coisas fantásticas e irrealistas é normal. Mas eu falo de trabalho realizado, de coisas concretas." / COLABOROU DANIEL WETERMAN