Mercado clandestino de aranhas movimenta milhões no Brasil; entenda a febre

26 nov 2024 - 13h25

Nas redes sociais, cresce a popularidade de vídeos que provocam reflexões sobre a criação de aranhas, especialmente tarântulas, no Brasil. Esses clipes despertam curiosidade e levantam questões sobre uma prática que, sem regulamentação adequada, é considerada ilegal. Criar aranhas sendo um crime, como estabelecido pela legislação ambiental brasileira, institui sanções que incluem multas e detenção.

Nas redes sociais, cresce a popularidade de vídeos que provocam reflexões sobre a criação de aranhas, especialmente tarântulas, no Brasil
Nas redes sociais, cresce a popularidade de vídeos que provocam reflexões sobre a criação de aranhas, especialmente tarântulas, no Brasil
Foto: Canva Fotos / Perfil Brasil

O mercado clandestino de aracnídeos no Brasil move milhões de reais anualmente. As vendas ocorrem em plataformas digitais e redes sociais, onde um animal pode chegar a ser vendido por valores altos, com opções de parcelamento e rifas. Este comércio é impulsionado por dois fatores principais: a baixa penalidade para infratores e a facilidade de acesso aos animais por meio digital.

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O mercado ilegal de aranhas: como funciona?

O comércio clandestino de aranhas prospera nas redes sociais, como Facebook e Whatsapp, onde existem grupos fechados dedicados ao tema. Esses espaços não apenas facilitam a venda e troca de aracnídeos, mas também promovem discussões e troca de informações entre aficionados. A popularidade desses grupos reflete um interesse crescente na criação desses animais como hobby, especialmente entre jovens.

No entanto, muitas vezes, esses criadores desconhecem a ilegalidade de suas ações. Apesar das medidas de controle estabelecidas, como as multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a punição branda contribui para a continuidade dessa prática. Outro aspecto relevante é a crítica às restrições legais, já que colecionadores frequentemente alegam que matar aranhas não é punível, enquanto sua aquisição é proibida.

Quais são os desafios da fiscalização?

Identificar a origem legal ou ilegal dos aracnídeos no mercado é um desafio. O ciclo de vida das aranhas inclui a muda de pele, chamada ecdise, que dificulta o rastreamento individual dos espécimes. Sistemas de marcação com microchips foram propostos como solução, mas sua eficácia ainda está em teste. Este processo seria semelhante a uma vacinação, ajudando na identificação e rastreamento dos animais vendidos.

No entanto, além das dificuldades técnicas, a fiscalização enfrenta desafios operacionais e legais devido à falta de um sistema unificado para monitoramento e autuação eficiente. A legislação de 2011 permitiu que os estados gerenciem a licença para criação e comercialização de animais silvestres, mas essa divisão de responsabilidades muitas vezes complica a coordenação entre os órgãos fiscalizadores.

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A criação em cativeiro: uma alternativa sustentável?

A criação em cativeiro de aranhas gera um debate entre especialistas. Alguns acreditam que, se bem regulamentada, pode ajudar na preservação de espécies ameaçadas, reduzindo a pressão sobre populações selvagens. Outros, no entanto, argumentam que a prática aumenta o risco de maus-tratos, fugas e desencadeia mais contrabando, já que as espécies mais criadas costumam ser as mesmas apreendidas em operações ilegais.

Institutos como o Butantan têm colaborado com criadouros autorizados, doando aranhas para estimular reprodução controlada. Em contrapartida, críticos apontam que órgãos públicos estão beneficiando entidades privadas, especialmente quando a origem dos animais doados é, muitas vezes, ilegal.

O futuro da criação de aranhas no Brasil

O caminho para a regularização do mercado de aracnídeos no Brasil passa por uma legislação robusta que equilibre conservação e comércio responsável. Iniciativas como o uso de microchips para rastreamento são passos promissores, mas dependem de testes rigorosos e adoção em larga escala. É essencial que criadores, autoridades ambientais e a sociedade como um todo cooperem para que a prática deixe de ser um enigma e passe a ser uma responsabilidade coletiva, garantindo assim a proteção das espécies silvestres brasileiras.

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