Moraes confirma denúncia de Marcos do Val e chama tentativa de golpe de "Operação Tabajara"

Ministro falou pela primeira vez desde que senador mencionou suposto plano golpista de Bolsonaro

3 fev 2023 - 08h49
(atualizado às 10h34)
Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes
Foto: Lide

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes confirmou que foi procurado pelo senador Marcos do Val e ficou sabendo de uma tentativa de golpe que estaria sendo arquitetada pelo presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira.

Durante participação por videoconferência em evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Lisboa, nesta sexta-feira, 3, Moraes falou pela primeira vez e chamou a tentativa de golpe de "Operação Tabajara". 

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“Foi exatamente essa a tentativa de 'Operação Tabajara', que mostra o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”, pontuou.

Moraes ainda chamou de "ideia genial" a proposta de colocar uma escuta em Marcos do Val e gravar o ministro falando algo que o pudesse comprometer a ponto de tirá-lo da relatoria dos inquéritos que apuram atos antidemocráticos na Suprema Corte.

O ministro ressaltou também que Do Val não tem intimidade com ele a ponto de estabelecer algum tipo de conversa. "Eu conversei três vezes na vida", detalhou. 

Em sua fala, Moraes contou ainda que pediu que Do Val colocasse a denúncia em um papel para que uma investigação fosse iniciada, mas ele negou. "Então, o que não é oficial para mim não existe", acrescentou o ministro. Mesmo assim, o ministro ressaltou que, a partir da entrevista do senador para a Veja, ele determinou que a Polícia Federal ouvisse Do Val para iniciar uma investigação "para que possamos responsabilizar todos aqueles envolvidos nessa tentativa de golpe", afirmou. 

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Moraes comentou também sobre as apurações dos ataques a prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro e adiantou que estão avançadas a respeito dos financiadores: "Parte da elite flertou com o golpe e financiou essa tentativa de golpe". 

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"Lavagem cerebral transformou as pessoas em zumbis"

No início de sua participação no evento, Moraes defendeu a criação de dispositivos normativos internacionais para proteger a democracia no mundo. Falando sobre o Brasil, ele criticou o uso das redes sociais como forma de alienar as pessoas. 

"O que surgiu de uma maneira democrática [as redes sociais], foi capturado pelos populistas, principalmente da extrema direita, e transformado em um mecanismo de lavagem cerebral (...) que transformou as pessoas em zumbis", reforçou. "Elas repetem ideias absurdas, cantam o hino nacional para pneu, esperam que ETs venham até o Brasil para resolver supostos problemas das urnas eletrônicas; o que deveria ser uma comédia é uma tragédia".

"Não temos mecanismos para tratar situações emergenciais onde a democracia é corroída por dentro. Como tratar de ameaças internas, quando vem de políticos populistas que atacam internamente as instituições?". 

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"Mas ganho bem menos", brinca Moraes ao ser comparado com jogador de futebol 

O ex-ministro Luiz Fernando Furlan esteve presente no evento e aproveitou para perguntar como Moraes lida com tamanha popularidade e com os riscos que isso traz. Furlan brincou que, hoje, Moraes é mais conhecido até do que jogador de futebol. "Mas ganho bem menos", respondeu o ministro do STF, arrancando risadas da plateia.

Furlan seguiu nas metáforas futebolísticas e afirmou que Moraes pelo menos não recebia cartão vermelho. "Tentaram. Tentaram, mas o VAR não permitiu", respondeu o ministro aos risos. 

“Não podemos deixar os agressores nos constranger”, disse Alexandre de Moraes ao responder a questão de Furlan. “As pessoas têm todo o direito de criticar o STF, as decisões dos ministros do STF, mas ninguém tem o direito de agredir verbal ou fisicamente um ministro do STF ou de ameaçar as famílias dos ministros. São coisas diversas”.

“Esses vândalos, esses golpistas passaram a confundir liberdade de expressão de criticar as instituições e os ministros com liberdade de agressão, de aparecer em frente de casa de ministro, ameaçar de morte e achar normal”, completou. “E como não deixar se constranger: as pessoas que reagem de forma criminosa deve, ser presas, para que aprendam que há lei no Brasil”.

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Fonte: Redação Terra
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