Tais Alcântara de Oliveira, que foi sequestrada com Marcelinho Carioca no último domingo, 17, nega ter um relacionamento amoroso com o ex-jogador e afirma ter sido obrigada a gravar o vídeo enquanto estava em cativeiro.
A mulher também diz ser mentira que seu ex-marido, Márcio Moreira, foi o mandante do crime.
"Eu não tenho nenhum relacionamento com o Marcelinho. Nunca tive. A nossa relação é de amizade mesmo. Eu estou separada do Márcio. A gente mora em casas separadas, não estamos convivendo, apesar que ainda não saiu o divórcio. A gente continua ainda casados no papel”, disse, em entrevista ao G1.
Tais é funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. O ex-atleta foi secretário da pasta até janeiro. Ela e Marcelinho foram encontrados nessa cidade pela Polícia Militar na segunda-feira, 18, após desaparecerem por um dia.
Ela ainda explicou ao veículo que se encontrou com Marcelinho, antes do sequestro, porque combinou com o amigo de pegar ingressos para o show do cantor Thiaguinho: "[Queria ver] se ele conseguia uns convites para o domingo, e aí falou que só conseguia levar para mim se fosse à noite, porque no outro dia ele tinha outra coisa para fazer. Eu falei que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando e desci para pegar os ingressos”.
Então ela entrou no carro do ex-jogador para eles conversarem, pois, segundo ela, ele não queria ficar parado no bairro. “Ele ia passar as coordenadas do show, qual o portão eu poderia entrar, com quem eu iria falar. A gente deu uma volta de carro no quarteirão e, assim que a gente estava chegando, ele avistou três caras vindo em direção ao carro. Eu falei que eu ia sair [do carro] e ele disse para eu esperar, mas eu abri a porta e os caras já nos abordaram falando para colocar a mão na cabeça", complementou.
Segundo ela, Marcelinho disse aos sequestradores que era o ex-jogador, mas foi desacreditado. “Colocaram ele dentro do carro e deram uma coronhada nele. Me colocaram no banco de trás apontando o revólver para a minha cabeça”, relembra. No cativeiro, ela contou que os criminosos pediam por transferência de dinheiro via PIX.
O que motivou o vídeo fake, como ela explicou, foi os sequestradores terem percebido que poderiam ser descobertos em breve ao notarem um helicóptero sobrevoando o local em que estavam.
“Eles receberam um áudio de uma pessoa falando que era para fazer um vídeo fake, porque se a casa deles caiu, que a nossa tinha que cair também. Então, que era para inventar uma história do marido que sequestrou, que saiu com mulher casada. Uma pessoa ficou atrás segurando a coberta e outra ficou apontando a arma."
Relembre o caso
- O que se sabe sobre o sequestro de Marcelinho Carioca?
O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, de 51 anos, foi sequestrado na madrugada do último domingo, 17, após ter ido a um show de pagode que aconteceu na Neoquímica Arena, o estádio do Corinthians, em Itaquera (SP). Ele foi resgatado nesta segunda-feira, 18, e a Polícia Civil segue investigando a dinâmica do crime. Veja o que já se sabe e o que ainda falta ser esclarecido sobre o caso.
- O que aconteceu?
Marcelinho Carioca foi visto pela última vez na tarde do domingo, após ir ao show Tardezinha do cantor Thiaguinho em Itaquera, na Zona Leste da Capital Paulista. Na ocasião, ele chegou a publicar um vídeo ao lado do artista em suas redes sociais. Desde o show, o ex-jogador não foi mais visto.
O carro de Marcelinho foi encontrado nesta segunda em Itaquaquecetuba, o que deu início à investigação. Um boletim de ocorrência de desaparecimento e localização de veículo foi registrado na Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes.
Após ser resgatado, Marcelinho contou detalhes do período em que ficou sequestrado. O ídolo do Corinthians relatou que foi mantido por três homens em uma casa em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, ao lado de uma amiga.
"Chegaram três indivíduos e me abordaram, e aí tomei essa coronhada na minha cabeça e depois não vi mais nada. Entrei no carro e já colocaram o capuz e não vi mais nada", relatou na conversa com os jornalistas na saída da delegacia.
Ele também detalhou como ocorreu o sequestro. "Eu passei, depois do show do Thiaguinho, para poder entregar [para minha amiga] os ingressos de domingo que eu não iria participar. Estava lá no bairro, eu próximo da casa [dela], em questão de cinco minutos [aconteceu]", explicou.
- Ex-jogador foi raptado por se envolver com mulher casada?
Marcelinho negou que teria sido sequestrado por ter um caso com uma mulher casada. Ao jornalista Datena, ele reforçou o que já tinha sido dito por seu advogado, em mensagem ao Terra, que afirmou que ele teria sido forçado a inventar um caso. O ex-atleta relatou que Thais é amiga dele há 3 anos e que conhece o ex-marido dela e os dois filhos dela.
"A Tais é minha amiga. Eu fui secretário de esportes há três anos, não sai com ela, não tive nada com ela", declarou, referindo-se ao cargo que teve na Prefeitura de Itaquaquecetuba, onde a mulher trabalha.
"Me forçaram a fazer aquele vídeo, tanto eu quanto ela. Você com um revólver na cabeça, forçado a falar isso e isso, o que é que você faz?", disse.
Em um vídeo que postou ao lado da família na madrugada desta terça-feira, 19, ele voltou a declarar que foi coagido a declarar que estava saindo com uma mulher casada. O ex-jogador contou que estava com um casal de amigos no show e que saiu do evento sozinho. Posteriormente, encontrou Thais em outro local para entregar ingressos de outro show, no qual ele não poderia comparecer no domingo.
- Quem é Thais e ex-marido dela pode estar envolvido?
Thais, raptada com o ex-jogador, é uma amiga dele de anos, segundo ele. Marcelinho relata que, por volta de 0h40 do domingo, combinou de entregar ingressos para a amiga em Itaquaquecetuba, onde o evento ocorreria novamente no dia seguinte. Ele menciona que, ao estar próximo à casa dela, foi abordado por três criminosos. Alega ter sido agredido com uma coronhada e, em seguida, ambos foram sequestrados em seu próprio veículo. A Polícia Civil afirma que ela também foi uma vítima dos criminosos.
De acordo com o jornal O Globo, a polícia acredita, inicialmente, que não existem evidências que apontem a participação do ex-marido dela, Márcio Moreira, de 39 anos, no delito. Ele, que prestou depoimento na delegacia e foi liberado nesta segunda-feira, possui um estabelecimento voltado para a comercialização e reparo de relógios em Itaquaquecetuba, sendo reconhecido na região pelo apelido de Márcio do Beco. Adicionalmente, desempenha suas funções como prestador de serviços terceirizado na área de Saúde municipal, atuando no Centro de Saúde Regina Neves.
- Como e onde ex-jogador foi encontrado?
Nesta segunda-feira, 18, ele foi encontrado e, por volta das 14h20, foi levado para a delegacia da Polícia Civil de Itaquaquecetuba, segundo o Terra apurou com a assessoria de imprensa do ex-jogador.
Transferências de R$ 40 mil foram o que levou a polícia aos suspeitos que foram presos na manhã desta segunda-feira, 18, por envolvimento no caso do suposto sequestro de Marcelinho Carioca. A informação foi inicialmente apurada pelo jornal O Globo com fontes ligadas à investigação e confirmada pelo delegado Arthur Dian, em coletiva à imprensa no início da noite.
A Polícia Civil de São Paulo chegou até uma casa que constava como residência do titular da conta para onde o dinheiro foi transferido. Lá, os policiais encontraram diversos cartões bancários. Duas pessoas foram presas na casa, como informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP).
- O sequestro de Marcelinho foi premeditado?
De acordo com O Globo, a polícia ainda não divulgou se suspeita que o crime foi planejado antecipadamente. Marcelinho Carioca, em contrapartida, expressou acreditar que seu veículo de luxo pode ter despertado a atenção dos criminosos de forma oportuna. O caso segue em investigação.
- Quem são os suspeitos e quantas pessoas estão envolvidas?
Conforme informado pelo delegado-geral Artur Dian ao jornal, seis pessoas foram conduzidas à delegacia, sendo que cinco delas devem enfrentar acusações por extorsão mediante sequestro: três homens e duas mulheres. A maioria dos envolvidos é residente em Itaquaquecetuba. Os nomes dos investigados não foram divulgados.
Os investigadores estão empenhados em identificar e localizar outras pessoas suspeitas de participação no crime. A possível participação de um adolescente no crime também é investigada.
"Havia uma grande quantidade de sequestradores. Não sabemos dimensionar. Mas, além dos cinco presos aqui, havia entre 6 a 8 pessoas lá dentro [do cativeiro]", afirmou o delegado ao O Globo.