Depois de um julgamento de impeachment que durou quase duas semanas, o presidente americano, Donald Trump, foi inocentado pelos senadores e agora pode se concentrar em sua disputa pela reeleição, em novembro.
O resultado era esperado, mas o caminho que levou até esse desfecho tornou o julgamento mais interessante.
Veja abaixo quatro números que explica a história, e o que acontece agora.
94% de apoio entre eleitorado republicano
A absolvição de Trump no Senado é um reflexo da popularidade de Trump entre republicanos. Se antes não estava claro se ele tinha apoio das fileiras de seu partido, agora é uma certeza.
Ele nunca esteve tão popular entre republicanos (e tão impopular entre democratas). Segundo uma pesquisa do instituto Gallup nesta semana, 94% dos eleitores republicanos aprovam o desempenho de Trump no cargo. Esse número continuou em alta, apesar do julgamento de impeachment.
Embora os números de crescimento da economia do ano passado tenham sido modestos, Trump tem apresentado um desempenho econômico equivalente ao da era Obama. Em agosto de 2019, a taxa de desemprego chegou a 3,7%, o mesmo nível registrado 50 anos atrás, em setembro de 1969.
Segundo o Gallup, 89% dos eleitores republicanos aprovaram o terceiro ano de governo de Trump, o que o torna o segundo presidente mais popular de todos os tempos entre os membros de seu partido.
Nem sempre foi assim. Quatro anos atrás, a cúpula do Partido Republicano parecia rejeitar Trump, o homem que surpreendentemente conseguiu conquistar a vaga de candidato da sigla à Presidência da República.
Em 2016, a senadora republicana Lisa Murkowksi (Alaska) afirmou: "se indicarmos Trump, nós seremos destruídos". "E será merecido", complementou o colega Lindsey Graham.
Trump se tornou o candidato republicano na eleição, depois presidente e agora tanto Murkowski quanto Graham estavam ali no Senado para dar apoio a ele durante o julgamento do impeachment.
Como ficou provado nas eleições legislativas de 2018, quando diversos membros do Partido Republicano que não apoiavam Trump perderam as disputas, eleitores da sigla sinalizam não perdoar quem não se mostra alinhado ao presidente.
A popularidade dele, no entanto, não significa que seus apoiadores acreditem que ele seja inocente nas acusações de obstrução de justiça e abuso de poder. Em pesquisa conjunta da Associated Press e do Norc Center for Public Affairs Research na semana passada, apenas 54% dos republicanos acreditavam que Trump não havia feito nada de errado.
Maioria de 53 senadores
Republicanos no Senado têm maioria de 53 cadeiras, ante as 47 dos democratas. Isso significa que eles controlam a Casa e puderam ditar os temos do julgamento.
Essa pequena margem fez a diferença. Durante o julgamento, senadores tiveram que votar se iriam admitir novas testemunhas no processo, e a maioria rejeitou essa possibilidade.
Se apenas quatro republicanos não tivessem se alinhado ao próprio partido, o ex-assessor John Bolton poderia ter participado do processo e apresentado (ou não) evidências que minariam a defesa de Trump.
Isso ficou próximo de acontecer, mas no fim, apenas o senador republicano Mitt Romney (Utah) se voltou contra o alinhamento partidário. Nenhuma testemunha foi chamada e o julgamento durou apenas 11 dias.
Número de votos necessário para impeachment no Senado: 67
Este é o número que garantia que Trump se livraria de qualquer jeito. Uma eventual condenação dependia de dois terços dos senadores, ou seja, 67 dos 100.
Demandaria, portanto, que 20 republicanos votassem a favor de sua saída. Mas apenas um, Mitt Romney, fez isso.
US$ 46 milhões arrecadados em campanha
Este é o montante arrecadado pela campanha de Trump no trimestre passado, marca atribuída a uma reação de seus apoiadores ao processo de impeachment.
"Os recursos e a base eleitoral do presidente fazem de sua campanha de reeleição uma força imbatível", disse Brad Parscale, que comanda sua campanha de reeleição.
Com o julgamento deixado para trás, Trump agora está livre para se concentrar em sua campanha pela reeleição (embora, na verdade, ele nunca tenha deixado que isso afetasse sua campanha).
O impeachment galvanizou ainda mais seus apoiadores? Ou terá maculado a imagem do presidente, apesar de sua absolvição?
Descobriremos em 3 de novembro.