A munição antitanque que EUA vão enviar à Ucrânia e que é criticada pela Rússia

Projéteis que equiparão ucranianos são feitos de subproduto do enriquecimento de urânio, com a maior parte do material radioativo removida.

7 set 2023 - 16h25
(atualizado às 18h04)
Os projéteis para tanques são feitos de subproduto do enriquecimento de urânio, que tem maior parte do material radioativo removida.
Os projéteis para tanques são feitos de subproduto do enriquecimento de urânio, que tem maior parte do material radioativo removida.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os EUA anunciaram que enviarão armas controversas para a Ucrânia como parte de um pacote de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) em ajuda militar e humanitária.

A Rússia condenou a decisão de equipar os tanques Abrams dos EUA com projéteis fortes o suficiente para perfurar a blindagem de tanques convencionais.

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Essas munições são feitas de urânio empobrecido — um subproduto do enriquecimento de urânio que tem a maior parte do material radioativo removida (leia mais abaixo).

Nas primeiras horas desta quinta-feira (7/9), foram relatados supostos ataques de drones ucranianos na cidade russa de Rostov-on-Don e perto de Moscou.

Imagens de um vídeo não verificado mostraram o que parecia ser uma explosão no centro de Rostov, onde, segundo o governador Vasily Golubev, uma pessoa ficou levemente ferida e vários carros foram danificados.

De acordo com o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, um drone que tinha como alvo a cidade de Ramenskoye (a 46 km da capital russa) também foi abatido e nenhum dano foi relatado.

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O anúncio de um novo pacote de segurança para a Ucrânia ocorreu durante a visita do secretário de Estado americano Antony Blinken a Kiev, desencadeando a ira dos russos.

As munições de 120 mm — parte do pacote de US$ 175 milhões em equipamento militar dos EUA para a Ucrânia — destinam-se aos tanques M1 Abrams que deverão ser entregues à Ucrânia ainda neste ano.

O urânio dessas munições vem do resíduo do processo de enriquecimento do minério natural usado para a fabricação de combustível nuclear ou armas.

Esse tipo de urânio não pode gerar uma reação nuclear e é considerado "consideravelmente menos radioativo que o urânio natural", segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.

O urânio empobrecido pode ser usado para reforçar a blindagem de tanques, mas é normalmente usado para armas devido à sua extrema densidade e capacidade de perfurar blindagens de tanques convencionais.

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Esses tipos de projéteis ficam mais afiados com o impacto, o que aumenta ainda mais sua capacidade de perfurar a armadura, e queimam após o contato.

Fortes críticas russas

A Rússia também reagiu fortemente quando o Reino Unido anunciou em março que enviaria projéteis de urânio empobrecido à Ucrânia para os seus tanques Challenger 2.

Quando o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que as armas tinham um "componente nuclear", o Ministério da Defesa britânico disse que tinha usado urânio empobrecido nas suas munições perfurantes durante décadas e acusou Moscou de espalhar deliberadamente desinformação.

O Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica não afirma que nenhum envenenamento significativo é causado por exposição ao urânio empobrecido, mas outro órgão da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica, afirma que pode haver risco de radiação para indivíduos que manuseiam fragmentos de munições de urânio empobrecido.

A decisão dos EUA representa uma reviravolta em relação a março, quando o Pentágono disse que não enviaria quaisquer munições com esse componente para a Ucrânia.

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Um funcionário do Departamento de Defesa não identificado disse ao site de notícias Politico que os EUA decidiram enviar as armas porque foram consideradas a melhor forma de armar os tanques Abrams na Ucrânia.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, descreveu os projéteis como "um tipo comum de munição".

Os EUA também fornecerão sistemas antiblindados, sistemas táticos de navegação aérea e munição adicional para mísseis Himars.

"Esta nova assistência ajudará a sustentar [a atuação ucraniana na guerra] e a dar ainda mais impulso", disse Blinken.

A embaixada russa em Washington denunciou a decisão como "um indicador de desumanidade", acrescentando que os EUA estavam "iludindo-se ao recusar aceitar o fracasso da chamada contraofensiva dos militares ucranianos".

Desde junho, os ganhos territoriais da Ucrânia na contraofensiva têm sido muito pequenos, mas os generais ucranianos afirmam que romperam a forte primeira linha de defesas da Rússia no sul.

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Na quarta-feira, 17 pessoas, incluindo uma criança, foram mortas num ataque à cidade de Kostyantynivka, na região oriental de Donetsk, na Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, culpou Moscou pelo ataque, mas a Rússia ainda não se pronunciou.

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