Os EUA anunciaram que enviarão armas controversas para a Ucrânia como parte de um pacote de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) em ajuda militar e humanitária.
A Rússia condenou a decisão de equipar os tanques Abrams dos EUA com projéteis fortes o suficiente para perfurar a blindagem de tanques convencionais.
Essas munições são feitas de urânio empobrecido — um subproduto do enriquecimento de urânio que tem a maior parte do material radioativo removida (leia mais abaixo).
Nas primeiras horas desta quinta-feira (7/9), foram relatados supostos ataques de drones ucranianos na cidade russa de Rostov-on-Don e perto de Moscou.
Imagens de um vídeo não verificado mostraram o que parecia ser uma explosão no centro de Rostov, onde, segundo o governador Vasily Golubev, uma pessoa ficou levemente ferida e vários carros foram danificados.
De acordo com o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, um drone que tinha como alvo a cidade de Ramenskoye (a 46 km da capital russa) também foi abatido e nenhum dano foi relatado.
O anúncio de um novo pacote de segurança para a Ucrânia ocorreu durante a visita do secretário de Estado americano Antony Blinken a Kiev, desencadeando a ira dos russos.
As munições de 120 mm — parte do pacote de US$ 175 milhões em equipamento militar dos EUA para a Ucrânia — destinam-se aos tanques M1 Abrams que deverão ser entregues à Ucrânia ainda neste ano.
O urânio dessas munições vem do resíduo do processo de enriquecimento do minério natural usado para a fabricação de combustível nuclear ou armas.
Esse tipo de urânio não pode gerar uma reação nuclear e é considerado "consideravelmente menos radioativo que o urânio natural", segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.
O urânio empobrecido pode ser usado para reforçar a blindagem de tanques, mas é normalmente usado para armas devido à sua extrema densidade e capacidade de perfurar blindagens de tanques convencionais.
Esses tipos de projéteis ficam mais afiados com o impacto, o que aumenta ainda mais sua capacidade de perfurar a armadura, e queimam após o contato.
Fortes críticas russas
A Rússia também reagiu fortemente quando o Reino Unido anunciou em março que enviaria projéteis de urânio empobrecido à Ucrânia para os seus tanques Challenger 2.
Quando o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que as armas tinham um "componente nuclear", o Ministério da Defesa britânico disse que tinha usado urânio empobrecido nas suas munições perfurantes durante décadas e acusou Moscou de espalhar deliberadamente desinformação.
O Comitê Científico da ONU sobre os Efeitos da Radiação Atômica não afirma que nenhum envenenamento significativo é causado por exposição ao urânio empobrecido, mas outro órgão da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica, afirma que pode haver risco de radiação para indivíduos que manuseiam fragmentos de munições de urânio empobrecido.
A decisão dos EUA representa uma reviravolta em relação a março, quando o Pentágono disse que não enviaria quaisquer munições com esse componente para a Ucrânia.
Um funcionário do Departamento de Defesa não identificado disse ao site de notícias Politico que os EUA decidiram enviar as armas porque foram consideradas a melhor forma de armar os tanques Abrams na Ucrânia.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, descreveu os projéteis como "um tipo comum de munição".
Os EUA também fornecerão sistemas antiblindados, sistemas táticos de navegação aérea e munição adicional para mísseis Himars.
"Esta nova assistência ajudará a sustentar [a atuação ucraniana na guerra] e a dar ainda mais impulso", disse Blinken.
A embaixada russa em Washington denunciou a decisão como "um indicador de desumanidade", acrescentando que os EUA estavam "iludindo-se ao recusar aceitar o fracasso da chamada contraofensiva dos militares ucranianos".
Desde junho, os ganhos territoriais da Ucrânia na contraofensiva têm sido muito pequenos, mas os generais ucranianos afirmam que romperam a forte primeira linha de defesas da Rússia no sul.
Na quarta-feira, 17 pessoas, incluindo uma criança, foram mortas num ataque à cidade de Kostyantynivka, na região oriental de Donetsk, na Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, culpou Moscou pelo ataque, mas a Rússia ainda não se pronunciou.