A onda de violência em protestos na Inglaterra após morte de crianças em ataque a faca

Segundo autoridades, protestos que resultaram em confrontos com polícia foram motivados por desinformação e islamofobia. Alice Dasilva Aguiar, de nove anos, Bebe King, de seis anos, e Elsie Dot Stancombe, de sete anos, foram mortas em ataque durante colônia de férias temática em Southport, na Inglaterra.

1 ago 2024 - 07h00
(atualizado às 07h30)
Na cidade de Hartlepool, oito pessoas foram presas, vários policiais ficaram feridos e um carro da polícia foi incendiado
Na cidade de Hartlepool, oito pessoas foram presas, vários policiais ficaram feridos e um carro da polícia foi incendiado
Foto: PA / BBC News Brasil

Uma onda de violência atingiu várias cidades da Inglaterra, incluindo a capital, Londres, após a morte de três meninas em um ataque a faca.

Na segunda-feira (29/7), Alice Dasilva Aguiar, de nove anos, Bebe King, de seis anos, e Elsie Dot Stancombe, de sete anos, foram mortas em um ataque durante uma colônia de férias temática de Taylor Swift em Southport, perto de Liverpool, na Inglaterra.

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Outras oito crianças sofreram ferimentos a faca, com cinco em estado crítico, e dois adultos também ficaram gravemente feridos.

Um adolescente de 17 anos foi acusado pelos assassinatos e comparece ao tribunal nesta quinta-feira (1/8). Sua identidade não foi divulgada por razões legais.

Elsie Dot Stancombe, 7, Alice Dasilva Aguiar, 9, e Bebe King, 6, foram mortas no ataque a facadas
Foto: Arquivo das famílias / BBC News Brasil

Na terça-feira (30/7), poucas horas após uma vigília em homenagem às vítimas, confrontos violentos ocorreram nas imediações de uma mesquita em Southport. Mais de 50 policiais ficaram feridos.

A Polícia de Merseyside atribuiu a violência aos apoiadores do grupo anti-imigração English Defence League (Liga de Defesa Inglesa), chamando-os de "bandidos". Eles atacaram policiais com tijolos e incendiaram uma van da polícia.

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As autoridades locais acreditam que os agressores vieram de fora da cidade, incitados por postagens nas redes sociais que incorretamente sugeriram uma ligação islamista com os esfaqueamentos que mataram as crianças.

A Secretária do Interior, Yvette Cooper, alertou sobre a desinformação relacionada ao ataque.

O adolescente suspeito dos assassinatos não tem ligações conhecidas com o Islã.

O chefe adjunto da polícia de Merseyside, Alex Goss, afirmou que houve "muita especulação e hipótese" sobre o adolescente e que "alguns indivíduos" estavam usando isso para "trazer violência e desordem às nossas ruas".

"Já dissemos que a pessoa presa nasceu no Reino Unido, e a especulação não ajuda ninguém neste momento", disse.

O responsável pela mesquita de Southport, Ibrahim Hussein, afirmou que ele e colegas foram ao local para proteger o edifício, mas tiveram que ser levados para um lugar seguro pela polícia.

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"Eles começaram a queimar as cercas e jogar coisas em chamas nas janelas. Quebraram todas as janelas e destruíram as cercas. A raiva foi avassaladora para todos nós", disse Hussein à BBC Radio Merseyside.

Protestos e violência em outras cidades

Policiais detêm manifestante durante protesto contra imigração ilegal nas imediações de Downing Street, residência oficial e escritório do primeiro-ministro britânico
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Os protestos se espalharam para outras partes do país.

Na quarta-feira à noite, mais de cem pessoas foram presas no centro de Londres durante confrontos entre policiais e manifestantes em Whitehall, perto de Downing Street, residência oficial e escritório do primeiro-ministro britânico.

Em Londres, manifestantes lançaram sinalizadores em direção aos portões de Downing Street e à estátua de Winston Churchill, enquanto cantavam slogans como "parem os barcos" (em alusão a migrantes indocumentados que chegam ao Reino Unido em barcos) e "salvem nossas crianças". Eles atiraram garrafas e latas nos policiais.

A Polícia Metropolitana (Met) informou que as condições impostas ao protesto em Londres foram violadas, resultando em prisões por desordem violenta e agressão a um trabalhador de emergência. Vários policiais sofreram ferimentos leves.

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Em uma declaração antes do protesto, o superintendente Neil Holyoak disse que era "compreensível" que o público tivesse "sentimentos fortes" sobre o "incidente chocante" em Southport na segunda-feira. Mas ele disse que a "desordem violenta e ilegal subsequente que se desenrolou (em Southport) foi completamente inaceitável e motivada por desinformação".

Dal Babu, ex-superintendente chefe da polícia londrina, também criticou a disseminação de informações falsas "imprudentes e deliberadas".

Em entrevista ao programa BBC Radio 4 Today, ele afirmou: "As pessoas estão criando contas e publicando informações falsas, sem se preocupar com a precisão dessas informações."

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, descreveu "as cenas de desordem e violência" em Londres como "completamente inaceitáveis".

"Não há lugar para a criminalidade nas nossas ruas e apoio totalmente a ação da Polícia Metropolitana contra aqueles que pretendem praticar a violência, causando desordem e espalhando a divisão na nossa cidade", disse. "Em Londres, a nossa diversidade é a nossa maior força e estaremos sempre unidos contra aqueles que espalham o ódio e a divisão."

Khan afirmou que "neste momento de tensões crescentes, todos temos a responsabilidade de nos unirmos e rejeitarmos narrativas de ódio, e garantir que as nossas vilas e cidades sejam seguras e acolhedoras para todos".

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Manifestante segura um sinalizador durante um protesto em Londres
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Na cidade de Hartlepool, oito pessoas foram presas, vários policiais ficaram feridos e um carro da polícia foi incendiado. A polícia prendeu oito pessoas por desordem pública após manifestantes jogarem garrafas de vidro e ovos nos policiais, além de incendiarem um carro da polícia.

David Sutherland, chefe da polícia local, disse que o protesto estava relacionado ao incidente em Southport. A polícia espera mais prisões nos próximos dias.

Nas cidades de Aldershot e Manchester, houve relatos de desordem e comportamento intimidatório.

Em Aldershot, a deputada local Alex Baker afirmou que um protesto pacífico "descambou para um comportamento intimidatório" em um hotel. Ela criticou a presença de pessoas de fora da comunidade local que vieram "causar agitação".

O primeiro-ministro Keir Starmer se reunirá com líderes da polícia para oferecer seu "total apoio" diante da agitação contínua.

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"Os eventos chocantes em Southport esta semana servem como um lembrete da bravura dos nossos trabalhadores de serviços de emergência e do trabalho vital que fazem para manter o público seguro", disse um porta-voz.

"Criminosos que exploram o direito ao protesto pacífico para semear ódio e cometer atos violentos enfrentarão toda a força da lei."

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