Quase 150 pessoas morreram em dois dias na Nigéria em ataques contra cidades no nordeste do país e em um atentado em Jos (centro), desestabilizando ainda mais o governo, apesar da mobilização internacional contra o grupo radical islâmico Boko Haram.
Dois ataques foram cometidos nas proximidades da cidade de Chibok, onde o grupo islamita sequestrou mais de 200 adolescentes no mês passado, provocando uma forte reação internacional.
"O ataque foi brutal. Atiraram e incendiaram nossas casas. Tivemos que fugir para o mato. Mataram 20 pessoas", disse Haruna Bitrus, morador de Alagarno. Outras dez foram mortas em Shawa.
Em Jos, as equipes de socorro mantinham nesta quarta os trabalhos de busca de eventuais sobreviventes entre os escombros dos atentados de terça-feira.
O porta-voz do governo do estado de Plateau, do qual Jos é a capital, atribuiu o atentado ao Boko Haram.
Países declaram guerra ao Boko Haram
Video Player
"A investigação está em andamento, mas trata-se claramente de uma extensão das atividades terroristas que atingem o nordeste do país, da insurreição do Boko Haram", declarou.
Publicidade
Os Estados Unidos condenaram nesta quarta-feira "ataques revoltantes" contra civis e reafirmaram seu apoio para que a Nigéria derrote o extremismo, em um comunicado do Departamento de Estado.
Os atentados provocaram novos temores de violência étnica entre o sul cristão e o norte de maioria muçulmana, que já havia assolado no passado o estado de Plateau (centro) e sua capital Jos.
O arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, Ignatius Ayau Kaigama, chamou os ataques de "golpe muito duro" contra os trabalhos dos últimos anos "para favorecer a coexistência pacífica", enquanto criticou a atuação do governo.
Desde o sequestro das estudantes em abril, o governo e as Forças Armadas têm sido criticados pela incapacidade para deter a espiral de violência na Nigéria, onde 2.000 pessoas morreram desde o início do ano.
Publicidade
Haruna Bitrus, morador de Alagarno, disse que, apesar da mobilização militar para encontrar as adolescentes sequestradas em Chibok, o Exército não reagiu ao último ataque do grupo radical islâmico nigeriano.
"Enquanto os homens armados fugiam, três veículos tiveram problemas e ficaram para trás para que fossem consertados. Permaneceram lá até esta manhã sem que o Exército agisse", afirmou.
Depois do atentado em Jos, o contestado presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, reiterou a vontade de "vencer a guerra contra o terrorismo".
O Exército nigeriano iniciou nesta quarta uma grande campanha de recrutamento de voluntários para combater o Boko Haram.
1 de 28
A ex-ministra da Educação da Nigéria e a vice- presidente da divisão da África do Banco Mundial participam de marcha organizada pelas mães das adolescentes sequestradas, em Abuja, em 30 de abril
Foto: AFP
2 de 28
Homem pede a libertação das estudantes sequestradass pelo Boko Haram, em Lagos, em 1º de maio
Foto: AFP
3 de 28
Sul-africanos protestam contra o rapto de centenas de estudantes na Nigéria pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, durante uma marcha ao Consulado da Nigéria em Joanesburgo, na África do Sul, em 8 de maio
Foto: AP
4 de 28
Mulher participa de protesto exigindo a libertação das adolescentes sequestradas na aldeia de Chibok, em 14 de abril. No cartaz é possível ler a mensagem: "Já chega. Os sequestros precisam parar"
Foto: Reuters
5 de 28
Pessoas participam de protesto exigindo a libertação de meninas sequestradas na aldeia de Chibok, em Lagos, em 5 maio
Foto: Reuters
6 de 28
Manifestantes marcham em apoio às meninas sequestradas por membros do Boko Haram em frente à Embaixada da Nigéria, em Washington, em 6 de maio
Foto: Reuters
7 de 28
Ativista segura um cartaz com a frase: "E se isso acontecesse nos Estados Unidos?" durante uma manifestação em frente à embaixada da Nigéria em Washington, EUA, em 6 de maio
Foto: AFP
8 de 28
Foto mostra quatro alunas da escola secundária de Chibok que conseguiram fugir do grupo Boko Haram
Foto: AP
9 de 28
Vídeo mostra o líder do grupo extremista islâmico Boko Haram Abubakar Shekau. Ele ameaçou vender as centenas de estudantes sequestradas no norte da Nigéria por cerca de R$ 26 cada
Foto: AFP
10 de 28
Mulheres e crianças que sobreviveram a ataques do Boko Haram se abrigam em uma Igreja Católica em Wada Chakawa, na Nigéria, em 31 de janeiro de 2013
Foto: AP
11 de 28
Armas, munições e equipamentos do grupo Boko Haram apreendidos pela polícia são colocados em exposição em um quartel da Nigéria, em 1º de março de 2012
Foto: AP
12 de 28
Boko Haram exibe cadáveres de vítimas na cidade de Damaturu, na Nigéria, após uma série de ataques que deixaram ao menos 69 mortos, em novembro de 2011
Foto: AP
13 de 28
Menina muçulmana passa por uma casa queimada após ataque dos extremistas islâmicos do Boko Haram em Maiduguri, em 28 de janeiro
Foto: AP
14 de 28
Nigerianos se reúnem em torno de um carro queimado fora da Igreja Batista da Vitória em Maiduguri, em 25 de dezembro de 2010. Membros do grupo Boko Haram atacaram a igreja na véspera de Natal, matando o pastor, dois membros do coro e duas pessoas que passavam pelo local
Foto: AP
15 de 28
A ativista paquistanesa Malala segura um cartaz com a mensagem: "Tragam de volta as nossas meninas". Hashtag foi usada quase duas milhões de vezes durante 1 mês após o sequestro
Foto: Facebook
16 de 28
A primeira-dama americana Michelle Obama se manifestou na campanha "Bring back our girls". "Tal como milhões de pessoas em todo o planeta, meu marido (Barack Obama) e eu estamos indignados e arrasados em razão do sequestro de duzentas meninas nigerianas, retiradas de seus aposentos escolares, no meio da noite", afirmou a primeira-dama americana
Foto: Twitter
17 de 28
Mulheres francesas levantam cartazes onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
18 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy e Valerie Trierweiler se uniram a políticas e artistas durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, para pedir ajuda política do governo francês pela busca das meninas sequestradas na Nigéria no mês passado
Foto: AP
19 de 28
A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
20 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas em Paris pedem ajuda do governo na busca das jovens sequestradas na Nigéria
Foto: AP
21 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas de seguram uma bandeira onde se lê: "Líderes, tragam de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. As mulheres se reuniram para pedir os líderes do governo na ajuda da busca das mais de 200 estudantes que foram sequestradas por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em abril
Foto: AP
22 de 28
A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
23 de 28
A ex-primeira-dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy (centro), entre as políticas Nathalie Kosciusko-Morizet e Valerie Pécresse, durante a manifestação "Bring Back our girls", em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. Mulheres francesas se reuniram para pedir aos líderes do governo francês ajuda na busca das mais de 200 estudantes que foram sequestrados por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em 14 de abril
Foto: AP
24 de 28
A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes em Cannes neste sábado
Foto: Reuters
25 de 28
A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes neste sábado; as meninas foram sequestradas no dia 14 de abril em uma escola da Nigéria pelo grupo Boko Haram
Foto: Reuters
26 de 28
Celebridades posam ao lado da atriz Selma Hayek Pinault para a exibição de Saint-Laurent no 67º Festival Internacional de Cinema de Cannes, no sul da França, neste sábado, 17 de maio
Foto: AP
27 de 28
A atriz e produtora Salma Hayek segura um cartaz no Festival de Cannes onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas"; ela posa no tapete vermelho do evento neste sábado
Foto: Reuters
28 de 28
A atriz Salma Hayek, centro, segura um cartaz com o pedido "tragam de volta as nossas meninas", uma campanha que tem sido realizada por diversas celebridades ao redor do mundo, em que pedem a libertação de cerca de 300 estudantes nigerianas sequestradas pelo grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram; a atriz participa do Festival Internacional de Cinema em Cannes, sul da França, neste sábado; da esquerda para a direita os diretores Paul Brizzi, Roger Allers, Joan C. Gratz e Gaetan Brizzi
Foto: AP
Além disso, o Parlamento aprovou na terça a ampliação do estado de emergência, em vigor desde maio de 2013, mas a medida em momento algum causou a redução dos ataques do Boko Haram no norte do país. Pelo contrário, o grupo apenas intensificou as ações, principalmente contra os civis.
Publicidade
O sul de maioria cristã ainda não foi alvo dos atentados, mas o Boko Haram já ameaçou atacar instalações petroleiras no Delta do Níger, estratégicas para a maior economia da África.
Para enfrentar o grupo islamita, as autoridades nigerianas contam com a ajuda da comunidade internacional.
O governo dos Estados Unidos enviou especialistas e drones (aviões teleguiados) para tentar localizar as adolescentes sequestradas. Em uma reunião organizada em Paris no fim de semana, a Nigéria, os países vizinhos e os aliados ocidentais adotaram um plano de luta global contra o Boko Haram.
Todos os direitos de reprodução e representação reservados.