Atentado contra hotel deixa ao menos 25 mortos na Somália

Ataque ocorreu ao final das orações muçulmanas de sexta-feira

20 fev 2015 - 13h24
(atualizado às 13h42)
Um policial local, Abdulrahman Ali, indicou à AFP ter visto onze corpos
Um policial local, Abdulrahman Ali, indicou à AFP ter visto onze corpos
Foto: Feisal Omar / Reuters

Ao menos 25 pessoas foram mortas e muitas ficaram seriamente feridas nesta sexta-feira em Mogadíscio, em um ataque reivindicado pelos islamitas shebab contra um hotel no qual encontrava-se vários ministros, deputados e autoridades somalis.

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Este ataque contra um estabelecimento do Central Hotel é o mais mortal na Somália em quase dois anos. Em 14 abril de 2013, um ataque suicida em Mogadíscio contra o principal tribunal da capital, seguido pela explosão de um carro-bomba, matou pelo menos 34 civis.

Nesta sexta-feira, uma fonte da presidência, que pediu anonimato, citou "pelo menos 25 mortos", acrescentando à AFP que o número de vítimas poderia aumentar dada a gravidade dos ferimentos.

O ataque ocorreu ao final das orações muçulmanas de sexta-feira.

Um policial local, Abdulrahman Ali, indicou à AFP ter visto onze corpos. Mais cedo, uma fonte de segurança falou de "sessenta vítimas", mortos ou feridos.

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Vários ministros, deputados e outras autoridades somalis estariam no interior do hotel.

Uma dupla explosão foi seguida por intenso tiroteio no interior do Central Hotel, localizado próximo ao complexo fortificado que abriga a presidência somali e os gabinetes do primeiro-ministro.

De acordo com a fonte da presidência, o vice-prefeito de Mogadíscio foi morto no ataque, enquanto o vice-primeiro-ministro e o ministro dos Transportes ficaram feridos. Pelo menos um deputado foi morto segundo a rádio Mogadishu, que confirmou a morte do vice-prefeito da capital.

"O edifício foi duramente atingido, as explosões foram muito fortes e eu vi os corpos de 11 pessoas", declarou Aburahman Ali. "Também há um grande número de feridos, muitos deles em estado grave", acrescentou.

Os insurgentes islamitas shebab reivindicaram o ataque. "Nossos 'mujahedines' estão no interior do Central Hotel e atacaram sem medo", declarou Abdulaziz Abu Musab, porta-voz militar dos shebab.

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"O objetivo é matar as autoridades (somalis) infieis", ressaltou.

Os shebab ameaçaram no passado matar "um a um" todos os deputados. Pelo menos oito deles morreram em atentados ou assassinatos desde a eleição, em setembro de 2012, do Parlamento.

O presidente somali Hassan Sheikh Mohamud considerou que "atacar deputados e cidadãos logo após as orações de sexta" mostra que "os shebab são não-islâmicos e anti-democracia", de acordo com a conta do Twitter da presidência somali.

Os shebab sofreram desde agosto de 2011, uma série ininterrupta de derrotas militares e têm multiplicados suas ações de guerrilha e ataques terroristas, particularmente em Mogadíscio.

Em 22 de janeiro, pelo menos cinco somalis foram mortos na capital, na véspera de uma visita do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em um ataque suicida contra o hotel SYL, onde estavam hospedados os membros da delegação turca.

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Em dezembro, um duplo atentado matou 15 pessoas na cidade de Baidoa, no centro da Somália.

Nos últimos meses, os shebab têm privilegiado alvos simbólicos e seguros, visando, em especial, o complexo Villa Somália e o Parlamento duas vezes, além de agências da inteligência, comboios da ONU ou o quartel da Força a União Africana na Somália (AMISOM) no dia de Natal.

Os islamitas somalis, ligados à Al-Qaeda, também realizaram ataques em países que contribuem com tropas para a AMISOM, especialmente no Quênia, onde uma série de ataques mataram mais de 160 pessoas desde junho. Eles também foram responsáveis pelo ataque ao Westgate Mall, em Nairobi, em setembro de 2013, matando pelo menos 67 pessoas.

Os shebab são a principal ameaça para a paz na Somália, onde as primeiras eleições multipartidárias por sufrágio universal em mais de 40 anos estão previstas para 2016.

O país não tem uma autoridade central real desde a queda do regime autoritário do presidente Siad Barre em 1991.

Desde etão, esteve em um estado permanente de guerra civil, entregue aos senhores da guerra e milícias, gangues criminosas e grupos islâmicos.

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