Cerca de 40 pessoas foram mortas nesta terça-feira (17) na Nigéria em diversos atentados, essencialmente no nordeste do país, região sob constante ameaça dos islamitas do Boko Haram, mas também no sul -que até agora vinha sendo relativamente poupado das violências pré-eleitorais.
A violência atinge novamente a Nigéria - primeiro produtor de petróleo do continente africano, cujo norte é majoritariamente muçulmano e o sul principalmente cristão - antes das importantes eleições de 28 de março.
Ao longo de um ataque perpetrado por três homens-bomba, 36 pessoas foram mortas perto de Biu (nordeste), segundo balanço comunicado à AFP por uma fonte da área dos serviços de saúde.
Segundo um membro de uma milícia local de autodefesa, o atentado foi cometido por "três homens à bordo de uma motocicleta" por volta das 10h (horário de Brasília) no povoado de Yamarkumi, a quatro quilômetros de Biu, no estado de Borno.
Menos de três horas depois, outro suicida detonou os explosivos que levava em Potiskum, capital econômica do estado de Yobe. O homem entrou em um restaurante e detonou a bomba, matando o gerente e um garçom do estabelecimento, segundo diversas fontes, que reportaram, também, 13 feridos.
Outro caso de violência teve como alvo a campanha eleitoral no Sul da Nigéria, a algumas semanas de um pleito que se anuncia muito disputado.
Um policial morreu atingido por disparos, um jornalista foi esfaqueado e outras quatro pessoas ficaram feridas durante um comício da oposição nigeriana no estado petroleiro de Rivers (sul), informou um candidato ao governo local.
"Cinco policiais foram baleados. Um deles morreu e outros quatro se encontram em estado crítico neste hospital", disse Dakuku Peterside, do All Progressives Congress (APC), que pretendia discursar no comício na cidade de Okrika.
O partido é o principal da oposição ao presidente, Goodluck Jonathan, que aspira à reeleição.
Peterside e uma fonte da emissora privada Channels informaram que um jornalista que cobria o evento para o canal, Charles Erukaa, foi esfaqueado e tinha sido levado para o hospital.
Não havia até o momento nenhuma informação disponível sobre a motivação deste ataque, que teve como alvo um colégio onde Peterside realizava sua campanha.
Os mais recentes atos de violência na Nigéria ocorrem a menos de um mês e meio das eleições presidenciais e legislativas, marcadas para 28 de março, e que serão seguidas, em 11 de abril, por votações para escolha de governadores e assembleias dos 36 estados nigerianos.
Este pleito tinha sido adiado oficialmente para permitir às forças nigerianas se dedicarem ao combate contra os islamitas do Boko Haram.
O grupo já tentou diversas vezes tomar Biu, situada a 180 km da capital do estado de Borno, Maiduguri, mas o grupo armado foi derrotado todas as vezes pelo exército e pelas milícias de autodefesa.
Os últimos acontecimentos no terreno aumentam o ceticismo na Nigéria, onde muitos duvidam de uma derrota do grupo jihadista, ativo há seis anos neste país.
O exército nigeriano tem se mostrado incapaz de vencer a insurreição.
Na noite desta terça-feira (17), dois soldados chadianos e vários islamitas foram mortos em combates a 90 km de Maiduguri, no nordeste da Nigéria.
Desde 2009, este grupo e sua repressão pelo exército deixaram mais de 13.000 mortos e 1,5 milhão de deslocados na Nigéria.
O Boko Haram controla atualmente partes inteiras de territórios no nordeste da Nigéria e estendeu seus ataques a três países vizinhos: Camarões, Níger e Chade.
Estes três países têm mobilizado suas tropas no combate ao grupo na fronteira com a Nigéria. O Chade, potência militar regional, acordou com Benin mobilizar 8.700 homens em uma força regional contra o Boko Haram.
Na segunda-feira, países da África Central reunidos em Yaundé para elaborar uma estratégia de luta contra o grupo comprometeram-se com uma ajuda de urgência de cerca de 75 milhões de euros para travar esta guerra, sobretudo o Camarões e o Chade.
Na noite de segunda-feira (16), um atacante foi morto na noite de segunda-feira nos arredores de Diffa, no sudeste do Níger, na fronteira com a Nigéria, enquanto ele tentava detonar os explosivos que levava consigo perto de um posto militar, informou o exército nigerino nesta terça-feira.
"O suicida de 17 anos não conseguiu se explodiu", informou o exército em um comunicado ao qual a AFP teve acesso.
Algumas horas depois, "três elementos do Boko Haram", "armados com facas", atacaram militares deste mesmo posto em Bagara, acrescentou o informe. Um soldado ficou ferido, mas "sua vida não corre perigo", acrescentou o exército.