O governo e os rebeldes do Sudão do Sul se acusavam mutuamente neste domingo de violar o cessar-fogo horas após sua entrada em vigor, diminuindo as esperanças de um fim rápido do conflito que devasta o país.
Em um comunicado, os rebeldes acusaram os soldados do presidente Salva Kiir de ataques terrestres e disparos de artilharia contra suas posições em dois estados petroleiros do norte, enquanto o governo sustenta, por sua vez, que os rebeldes atacaram primeiro.
"As violações do 'Acordo para reduzir a crise no Sudão do Sul'", documento assinado na sexta-feira entre o governo e os rebeldes, "mostram que Kiir é hipócrita ou que não controla as suas forças", declarou o porta-voz militar dos rebeldes, Lul Ruai Koang, em um comunicado.
O presidente Kiir e Riek Machar, seu ex-vice-presidente convertido em chefe rebelde, se reuniam na sexta-feira na Etiópia para assinar um acordo que previa o fim dos combates em 24 horas, no mais tardar na noite de sábado, e a formação de um governo de transição.
Mas neste domingo foram registrados confrontos ao redor da cidade de Bentiu (norte), capital do estado de Unidade, que mudou várias vezes de mãos recentemente, de acordo com o desenvolvimento dos combates.
Fontes humanitárias independentes confirmaram que ocorreram disparos na cidade, sem conseguir estabelecer quem atirou primeiro.
Kiir declarou neste domingo, diante de uma multidão reunida em Juba, que desejava a paz e que Machar assinou o acordo sob pressão.
Os observadores consideram que uma trégua será difícil de ser instaurada, tendo de um lado uma coalizão rebelde heteróclita composta por desertores do exército, etnias diversas e talvez mercenários provenientes do vizinho Sudão, e de outro lado um exército governamental cuja estrutura hierárquica parece confiável.
O acordo foi assinado na sexta-feira após intensas pressões diplomáticas e ameaças dos Estados Unidos e da ONU.
O conflito, iniciado em 15 de dezembro, deixou milhares de mortos, provavelmente dezenas de milhares de feridos, embora não haja um balanço preciso. Além disso, ele, forçou o deslocamento de mais de 1,2 milhão de pessoas e devastou várias cidades do país.