Subiu para mais de 200 mortos e pelo menos 300 feridos o balanço do atentado realizado no último sábado (14) em Mogadíscio, capital da Somália.
Em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, o ex-ministro de Segurança Interna Abdirizak Omar Mohamed disse que foram confirmadas 237 mortes. Já um senador entrevistado pela "Associated Press" fala em 231 vítimas.
Além disso, as autoridades descobriram que o atentado foi realizado com dois caminhões-bomba, e não um, como havia sido divulgado anteriormente.
Os médicos ainda lutam para salvar os mais de 200 feridos no atentado, muitos deles queimados além da possibilidade de reconhecimento. As autoridades locais ainda temem que o balanço da explosão continue se agravando, mas, segundo a "Associated Press", oficiais não estão autorizados a conversar com repórteres.
O ataque ocorreu em frente ao hotel Safari, que fica perto de ministérios do governo somali e em uma rua bastante movimentada de Mogadíscio. O prédio foi amplamente destruído pela explosão. "Em nossos 10 anos de experiência em primeiros socorros em Mogadíscio, nunca tínhamos visto algo assim", diz uma mensagem postada no Twitter pelo serviço de ambulâncias da capital.
O presidente Mohamed Abdullahi Mohamed declarou três dias de luto e se juntou às milhares de pessoas que responderam aos apelos desesperados dos hospitais por doações de sangue. "Estou implorando ao povo somali para que doem", afirmou o mandatário.
Segundo o diretor do Hospital Medina, Mohamed Yusuf, citado pela "AP", o local está sobrecarregado de mortos e feridos. "Recebemos pessoas cujos membros foram arrancados pela bomba. É realmente horrível, nunca tínhamos visto algo assim", acrescentou.
De acordo com o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, pelo menos quatro voluntários estão entre as vítimas. "O balanço pode aumentar porque ainda há muitos voluntários desaparecidos", diz um comunicado da entidade.
A explosão ainda não foi reivindicada, mas o governo culpa o grupo fundamentalista islâmico somali Al Shabab, que vem aumentando suas ações no centro e no sul do país nos últimos meses. A milícia está em guerra contra o Exército e os mais de 20 mil homens enviados pela União Africana, que contam com o apoio de drones dos Estados Unidos.
O atentado ocorreu dois dias depois de um encontro em Mogadíscio entre o presidente da Somália e expoentes do comando dos EUA na África. Além disso, três dias atrás, o governo perdeu dois membros de seu alto escalão, o ministro da Defesa Abdirashid Abdullahi Mohamed e o chefe das Forças Armadas Ahmed Jimale.
Situado no Chifre da África, o país é um dos mais vulneráveis do mundo por causa da pobreza disseminada, da atuação de milícias terroristas e da instabilidade política. Em março passado, o governo somali chegou a declarar estado de calamidade nacional por causa da fome.