Conheça a Al-Shabab, grupo que atacou o shopping no Quênia

Combatentes do corpo Al-Shabab invadiram shopping em Nairóbi, no Quênia, ao meio-dia do último sábado

23 set 2013 - 14h32
(atualizado às 15h16)
Homem ferido é fotografado após atentado terroristas reivindicado pela Al-Shabab em Mogadíscio, em 4 de outubro de 2011
Homem ferido é fotografado após atentado terroristas reivindicado pela Al-Shabab em Mogadíscio, em 4 de outubro de 2011
Foto: AP

Na esteira do ataque terrorista contra um shopping center em Nairóbi, no Quênia, a agência AP preparou uma lista de 10 coisas a saber sobre o grupo Al-Shabab, organização extremistas sediada na Somália que reinvindicou a autoria da ação. Confira abaixo:

O que é a Al-Shabab?

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Al-Shabab é um grupo terrorista extremista islâmico que cresceu na anarquia posterior à queda de uma longa ditadura somali, em 1991. O seu nome significa "A Juventude" em arábe, e era uma ala jovem do fraco governo estabelecido pela União dos Tribunais Islâmicos em 2006, que tentou criar um Estado fundamentalista islâmico nesta nação do leste da África. Estima-se que a Al-Shabab tenha milhares de combatentes, incluindo centenas de estrangeiros. Alguns dos insurgentes estrangeiros são do Oriente Médio com experiência nos conflitos do Iraque e do Afeganistão. Outros são jovens recrutados junto a comunidades somalis nos Estados Unidos e na Somália. Autoridades americanas expressaram medo de que militantes fugitivos do Afeganistão e do Paquistão possam buscar refúgio na Somália. 

Onde ela atua?

A Al-Shabab conquistou o controle da maior parte da capital somali, Mogadíscio, em 2006, e manteve várias áreas no centro e no sul da Somália até que forças da União Africana, apoiada por tropas da ONU e dos países vizinhos Quênia e Uganda, expulsaram os militantes para fora da capital, em 2011, e do vital porto de Kismayo, em 2012. Os rebeldes ainda controlam muitas áreas rurais, onde impuseram uma versão rígida da sharia (a lei islâmica), incluindo o apedrajamento até a morte de mulheres por adultério e a amputação de acusados de roubo. Além disso, tem realizado múltiplos ataques suicidas em Mogadíscio e Kismayo. 

Soldados quenianos durante operação na cidade de Kismayo, no sul da Somália, em 2 de outubro de 2012
Foto: AP
Quantos combatentes tem?

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Ninguém sabe ao certo, mas acredita-se que a Al-Shabab tenha sob seu comando milhares de combatentes, incluindo centenas de estrangeiros. 

Por que estão atacando o Quênia?

A Al-Shabab tem alertado há dois anos que vai atacar o Quênia em retaliação por seu papel de liderança no envio de tropas à Somália em 2011 e na redução do poder do grupo extremista. A Al-Shabab também assumiu a responsabilidade por explosões suicidas em Kampala, Uganda, que mataram mais de 70 pessoas que assistiam à final da Copa do Mundo em dois restaurantes populares entre estrangeiros. Tropas uganesas também participaram da força africana na Somália. 

Quais suas relações com a Al-Qaeda?

Al-Shabab e Al-Qaeda anunciaram aliança em fevereiro de 2012, o líder shabab Mukhtar Abu Zubair prometendo aliança com o movimento terrorista global. Acredita-se que uma célula somali tenha sido a responsável pelos ataques da Al-Qaeda a um resort de propriedade israelense em Mombasa, no Quênia, em 2002, e uma tentativa de ataque contra um avião com turistas israelenses. Autoridades americanas também acreditam que terroristas ligados aos atentados contra embaixadas do país no Quênia e na Tanzânia, em 1998, receberam refúgio na Somália. 

Soldados quenianos montam guarda em base aérea em Tabda, na Somália, em 20 de fevereiro de 2012
Foto: AP
De onde vem seu dinheiro?

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Antes da intervenção de forças africanas, o grupo tinha uma estável fonte de renda pelas taxas que impunha a portos e aeroportos, assim como de extorções a produtores e moradores locais. Um relatório da ONU estimou que a Al-Shabab teve receitas entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões em 2011. No entanto, o grupo perdeu grande parte das receitas desde que foi expulso de Mogadíscio e Kismayo. O único aliado africano da Al-Shabab é a Eritréia - que apoio o movimento extremista para se opor à inimiga Etiópia, que também tem tropas na Somália. A Eritréia nega ajudar a Al-Shabab. 

Quais são suas divisões internas?

Acredita-se que a Al-Shabab passou por uma cisão após prometer aliança à Al-Qaeda, dividindo aqueles que acreditam que sua luta deve ser focada na Somália e combatentes estrangeiros que querem planejar uma estratégia terroristas regional. Analistas apontam que o ataque o shopping Westgate, em Nairóbi, pode indicar que os extremistas estão ganhando esta guerra. Mais divisões foram causadas pela decisão do grupo de banir organizações internacionais de ajuda humanitária de agir no país e fornecer comida a milhões que sofrem com a fome. Essa decisão foi anunciada em 2011, quando a ONU disse que a Somália tinha o índice de mortalidade infantil mais alto do mundo. 

Qual é o papel dos EUA na luta contra a Al-Shabab?

Os Estados Unidos apoiaram a primeira intervenção contra a Al-Shabab, apoiando tropas etíopes que invadiram a Somália em 2006. Washington enviou milhões de dólares para apoiar a força africana que lutar contra a Al-Shabab, que foi considerada uma organização terrorista em 2008. A intervenção da Etiópia, considerada um inimigo de longa data da Somália, é considerada um fator para a radicalização da Al-Shabab e para ter direcionada o grupo para a aliança com a Al-Qaeda, segundo o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado nos EUA. 

Somalis observam o que restou de veículo usado como carro-bomba em Mogadíscio em 8 de fevereiro de 2012
Foto: AP
O que inspira eles?

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Al-Shabab é inspirada pela interpretação wahabi no Islã apesar de a maioria dos somalis seguir a linha Sufi, mais moderada. O grupo inicialmente ganhou popularidade ao prometer segurança e estabilidade após anos de violência na Somália, mas a destruição de templos Sufi os levou a perder grande parte do apoio local. 

O que o futuro reserva para a Somália?

O primeiro governo eleito em mais de duas décadas chegou ao poder na Somália há um ano e, ao lado das tropas da União Africana, tem a oportunidade de criar uma "janela de oportunidade para mudar fundamentalmente a trajetória da Somália", de acordo com o Departamento de Estado americano. O comércio está crescendo e companhias petrolíferas estrangeiras estão negociando concessões no país, o que significa o momento mais esperançoso para a Somália em décadas. 

Presidente promete punir terroristas que causaram pânico em shopping
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Fonte: Terra
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