Quando Moustapha Dieng começou a sentir dores estomacais no mês passado, fez o que era sensato: procurou um médico de sua cidade natal, Ouagadougou, a capital de Burkina Faso.
O médico lhe receitou um tratamento contra a malária, mas o remédio era muito caro para Dieng, um alfaiate de 30 anos. Por isso ele procurou um ambulante ilegal para comprar pílulas mais baratas.
"Era caro demais na farmácia. Fui forçado a comprar remédios na rua, já que são menos caros", contou.
Dias depois ele foi hospitalizado, já que adoeceu por culpa dos mesmos remédios que deveriam curá-lo.
Dezenas de milhares de pessoas morrem na África a cada ano devido a remédios falsificados, alertou um relatório financiado pela União Europeia divulgado na terça-feira. A maioria dos medicamentos é fabricada na China, mas também na Índia, no Paraguai, no Paquistão e no Reino Unido.
Quase metade dos medicamentos falsos e de baixa qualidade reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 2013 e 2017 foi encontrada na África Subsaariana, disse o relatório, também apoiado pela Interpol e pelo Instituto de Estudos de Segurança.
"Os falsificadores atacam mais os países mais pobres do que seus pares mais ricos, com uma penetração até 30 vezes maior de falsificações na cadeia de fornecimento", disse o relatório.
Remédios contra a malária falsificados causam a morte de 64 mil a 158 mil pessoas por ano na África Subsaariana, segundo o relatório.