Ebola pode causar prejuízo de bilhões de dólares à África

O medo da doença tem reduzido a participação na força de trabalho, interrompido o transporte e levado alguns governos a fechar portos marítimos e aeroportos

9 out 2014 - 19h07
<p>Coveiros enterram vítimas do ebola em Serra Leoa</p>
Coveiros enterram vítimas do ebola em Serra Leoa
Foto: Christopher Black / Reuters

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura comunicou que o surto de ebola tem impactado de forma negativa a economia dos países atingidos pela doença na África Ocidental, segundo a emissora de TV americana CNN.

O prejuízo total estimado para os próximos dois anos é de 32 bilhões de dólares caso a doença continue se espalhando de forma descontrolada, apontou um relatório divulgado pelo Banco Mundial. Os liberianos, por exemplo, têm sido obrigados a pagar 150% a mais pela mandioca, ingrediente básico na dieta da população em todo o país.

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A Libéria, uma das economias mais vulneráveis da África é a nação que mais sofreu com o ebola até o momento. Mais de 3.800 mortes já foram registradas desde o início do surto. E o número de fatalidades pode não parar por aí.

De acordo com relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, os casos de ebola na Libéria e em Serra Leoa podem crescer para entre 550.000 e 1.4 milhão até janeiro de 2015, se intervenções adicionais não forem realizadas.

Serra Leoa e Guiné são outros países que enfrentam não apenas uma grave crise na saúde, mas também na economia. 

Paciente é desinfetado ao deixar clínica em Monróvia, Libéria, para tratamento de pessoas com ebola
Foto: Christopher Black / Reuters

Essas três economias estavam crescendo antes da epidemia do ebola. Serra Leoa, em particular, tinha sido identificado como um país com potencial de crescimento significativo. Antes da eclosão, o FMI havia previsto para o país um crescimento de mais de 14% em 2014. A economia da Libéria vinha crescendo cerca de 10% desde 2005, enquanto a da Guiné havia sido elogiada pelo FMI pelas suas reformas econômicas e políticas. 

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Agora, o Banco Mundial estima que o surto custará a Serra Leoa 163 milhões de dólares, ou 3,3% do PIB deste ano. Caso a epidemia continue a se alastrar, o órgão estima que o país poderá perder até 8,9% do seu PIB em 2015.  Estima-se que a doença custará a Libéria 234 milhões de dólares, ou 12% do PIB. Na Guiné, a estimativa é de 142 milhões dólares, ou 2,3% do PIB. 

A inflação também tem castigado a região, impulsionada pela incerteza e pela fuga de capitais, enquanto as taxas de câmbio têm sido voláteis. 

Grandes indústrias 

A agricultura contribui com 57% do PIB de Serra Leoa, 39% da Libéria e 20% da Guiné, mas o medo da doença, a introdução do toque de recolher e as dificuldades de transporte de alimentos deverão ter um impacto significativo na produção de alimentos.

A África Ocidental também é rica em ferro e ouro, e as empresas de mineração ocidentais têm uma forte presença na região. Mas a Libéria, onde mais de 2 mil pessoas morreram em decorrência do vírus ebola, fechou os principais postos de fronteira e introduziu um toque de recolher temporário na tentativa de conter o surto. 

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O setor de mineração contribui com cerca de 14% da economia da Libéria, com empresas internacionais como a ArcelorMittal, Hummingbird, Chevron e Exxon & Total operando muitas das minas do país, contudo, a maioria delas impôs restrições de viagem aos funcionários e estão evacuando pessoal não essencial na região. Se isso continuar, "haverá um declínio considerável na produção", disse o Banco Mundial.

 O medo

Mas é o medo o fator mais prejudicial às economias desses países, afirmou Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. Segundo ele, algo semelhante aconteceu durante os surtos de Sars e H1N1.

"O fator medo do surto de ebola reduziu a participação da mão-de-obra, fechou locais de trabalho, interrompeu o transporte e levou alguns governos a fechar portos marítimos e aeroportos", disse Kim em uma coletiva de imprensa na semana passada. 

Cerca de 800 pessoas morreram durante o surto de Sars entre 2002 e 2004, causando perdas econômicas avaliadas em 40 bilhões de dólares. Na época, a desaceleração foi causada principalmente pela fuga de investimentos estrangeiros.  

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O Banco Mundial estima que mais de 1 bilhão de dólares é necessário para conter o surto de ebola e evitar o desastre econômico na África Ocidental a longo prazo.

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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