O ritmo das eleições egípcias foi vagaroso nesta quarta-feira, após a votação ter sido estendida para um terceiro dia em uma tentativa de aumentar o comparecimento às urnas. O fato levantou questionamentos sobre o nível de apoio ao candidato considerado favorito, o ex-chefe militar Abdel Fattah al-Sisi.
Visitas matutinas a colégios eleitorais no Cairo sugeriam que autoridades teriam dificuldades, novamente, em fazer com que mais pessoas compareçam para depositar seus votos. O mesmo padrão emergiu na segunda maior cidade do Egito, Alexandria, disseram repórteres da Reuters.
Em um país polarizado desde que um levante popular derrubou Hosni Mubarak do poder em 2011, o baixo quórum pode estar relacionado a um sentimento de apatia política, à possibilidade de outro presidente ligado a militares, ao descontentamento com a supressão de liberdades entre a juventude liberal, e a pedidos de boicote às urnas feito por ativistas islâmicos.
Após meses de bajulação por parte da imprensa, de serviços de segurança e dos empresários, muitos egípcios ficaram surpresos ao ver que a eleição fracassou em gerar o imenso apoio previsto ao candidato Sisi.
Com um baixo apoio nas eleições, a legitimidade de Sisi como chefe de Estado da nação árabe mais populosa do mundo ficaria prejudicada tanto dentro de seu país quanto internacionalmente.
As votações, com duração prevista de dois dias, deveriam originalmente ser concluídas na terça-feira, mas foram estendidas até o fim da tarde de quarta-feira para permitir que o “maior número possível” de pessoas votem, informou a imprensa estatal.
A missão observadora Democracia Internacional disse que a decisão de estender a votação levantou dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral do Egito.
“Resoluções de última hora sobre procedimentos eleitorais importantes, tais como a decisão de aumentar o tempo de votação em um dia, deveriam ser feitas apenas em circunstâncias extraordinárias”, disse Eric Bjornlund, presidente da entidade, em comunicado.
Para distanciar Sisi dessa decisão, vista por comentaristas políticos como uma tentativa vergonhosa de atrair votos de última hora de eleitores relutantes, sua campanha anunciou que ele se opôs à medida.