O ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo tentou se reunir com os representantes do Boko Haram para libertar as mais de 200 adolescentes sequestradas pelo grupo radical islâmico em meados de abril.
O ex-chefe de Estado (1999-2007), que continua sendo uma figura política influente no país, se encontrou no fim de semana com vários intermediários do Boko Haram, indicou à AFP uma fonte ligada às negociações e que não quis ser identificada.
O advogado Mustafá Zanna, ligado à família do ex-chefe do Boko Haram, Mohamed Yusuf, confirmou que a reunião aconteceu, mas não revelou seu conteúdo.
O chefe do Estado-Maior da Aeronáutica na Nigéria, marechal Alex Badeh, afirmou na segunda-feira que as mais de 200 estudantes foram localizadas.
O governo, que, segundo a mesma fonte, abandonou a ideia de tenta fazer uma mediação secreta, não confirmou que esteja a par desta iniciativa de Obasanjo.
As famílias das 223 adolescentes continuam sem notícias, quase dois meses depois do sequestro em massa que ocorreu no instituto Chibok, no nordeste da Nigéria, enquanto o mundo inteiro se mobiliza para pedir sua libertação.
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O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, descartou a possibilidade de fazer uma troca de prisioneiros pelas estudantes, como havia pedido o atual chefe do grupo, Abubajar Shekau.
Mas, de acordo com a fonte da AFP, desde então o governo tenta negociar em secreto a libertação das meninas através de um jornalista, Ahmad Salkida, ligado ao ex-chefe do grupo.
"Houve um contato, mas o governo o rompeu", segundo esta fonte, depois da volta de Goodluck Jonathan da cúpula de Paris em 17 de abril, na qual a Nigéria e os países vizinhos estabeleceram um plano de luta contra o Boko Haram, apoiado pelos ocidentais.
No último dia 12, o Boko Haram divulgou um vídeo com as estudantes sequestradas, afirmando que as jovens haviam sido convertidas ao Islã e destacando que as vítimas serão libertadas apenas no caso de uma troca com jihadistas detidos.
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Mas o governo nigeriano descartou liberar presos islamitas em troca da libertação das adolescentes.
Espanha homenageia jovens sequestradas na Nigéria com flores
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No total, 276 adolescentes foram sequestradas em 14 de abril em Chibok, no estado de Borno (nordeste da Nigéria), que tem uma grande comunidade cristã. Muitas jovens conseguiram fugir pouco depois do sequestro e 223 continuam desaparecidas.
Boko Haram ("A educação ocidental é um pecado" em língua hausa), que deseja impor a lei islâmica no norte da Nigéria, matou milhares de pessoas desde 2009 e atacou escolas do nordeste do país em várias oportunidades.
A maioria dos ataques recentes foi cometido no nordeste da Nigéria, reduto histórico do grupo, onde o Exército mantém uma grande ofensiva contra os islamitas.
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A ex-ministra da Educação da Nigéria e a vice- presidente da divisão da África do Banco Mundial participam de marcha organizada pelas mães das adolescentes sequestradas, em Abuja, em 30 de abril
Foto: AFP
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Homem pede a libertação das estudantes sequestradass pelo Boko Haram, em Lagos, em 1º de maio
Foto: AFP
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Sul-africanos protestam contra o rapto de centenas de estudantes na Nigéria pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, durante uma marcha ao Consulado da Nigéria em Joanesburgo, na África do Sul, em 8 de maio
Foto: AP
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Mulher participa de protesto exigindo a libertação das adolescentes sequestradas na aldeia de Chibok, em 14 de abril. No cartaz é possível ler a mensagem: "Já chega. Os sequestros precisam parar"
Foto: Reuters
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Pessoas participam de protesto exigindo a libertação de meninas sequestradas na aldeia de Chibok, em Lagos, em 5 maio
Foto: Reuters
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Manifestantes marcham em apoio às meninas sequestradas por membros do Boko Haram em frente à Embaixada da Nigéria, em Washington, em 6 de maio
Foto: Reuters
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Ativista segura um cartaz com a frase: "E se isso acontecesse nos Estados Unidos?" durante uma manifestação em frente à embaixada da Nigéria em Washington, EUA, em 6 de maio
Foto: AFP
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Foto mostra quatro alunas da escola secundária de Chibok que conseguiram fugir do grupo Boko Haram
Foto: AP
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Vídeo mostra o líder do grupo extremista islâmico Boko Haram Abubakar Shekau. Ele ameaçou vender as centenas de estudantes sequestradas no norte da Nigéria por cerca de R$ 26 cada
Foto: AFP
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Mulheres e crianças que sobreviveram a ataques do Boko Haram se abrigam em uma Igreja Católica em Wada Chakawa, na Nigéria, em 31 de janeiro de 2013
Foto: AP
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Armas, munições e equipamentos do grupo Boko Haram apreendidos pela polícia são colocados em exposição em um quartel da Nigéria, em 1º de março de 2012
Foto: AP
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Boko Haram exibe cadáveres de vítimas na cidade de Damaturu, na Nigéria, após uma série de ataques que deixaram ao menos 69 mortos, em novembro de 2011
Foto: AP
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Menina muçulmana passa por uma casa queimada após ataque dos extremistas islâmicos do Boko Haram em Maiduguri, em 28 de janeiro
Foto: AP
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Nigerianos se reúnem em torno de um carro queimado fora da Igreja Batista da Vitória em Maiduguri, em 25 de dezembro de 2010. Membros do grupo Boko Haram atacaram a igreja na véspera de Natal, matando o pastor, dois membros do coro e duas pessoas que passavam pelo local
Foto: AP
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A ativista paquistanesa Malala segura um cartaz com a mensagem: "Tragam de volta as nossas meninas". Hashtag foi usada quase duas milhões de vezes durante 1 mês após o sequestro
Foto: Facebook
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A primeira-dama americana Michelle Obama se manifestou na campanha "Bring back our girls". "Tal como milhões de pessoas em todo o planeta, meu marido (Barack Obama) e eu estamos indignados e arrasados em razão do sequestro de duzentas meninas nigerianas, retiradas de seus aposentos escolares, no meio da noite", afirmou a primeira-dama americana
Foto: Twitter
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Mulheres francesas levantam cartazes onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
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As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy e Valerie Trierweiler se uniram a políticas e artistas durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, para pedir ajuda política do governo francês pela busca das meninas sequestradas na Nigéria no mês passado
Foto: AP
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A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
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As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas em Paris pedem ajuda do governo na busca das jovens sequestradas na Nigéria
Foto: AP
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As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas de seguram uma bandeira onde se lê: "Líderes, tragam de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. As mulheres se reuniram para pedir os líderes do governo na ajuda da busca das mais de 200 estudantes que foram sequestradas por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em abril
Foto: AP
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A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
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A ex-primeira-dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy (centro), entre as políticas Nathalie Kosciusko-Morizet e Valerie Pécresse, durante a manifestação "Bring Back our girls", em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. Mulheres francesas se reuniram para pedir aos líderes do governo francês ajuda na busca das mais de 200 estudantes que foram sequestrados por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em 14 de abril
Foto: AP
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A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes em Cannes neste sábado
Foto: Reuters
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A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes neste sábado; as meninas foram sequestradas no dia 14 de abril em uma escola da Nigéria pelo grupo Boko Haram
Foto: Reuters
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Celebridades posam ao lado da atriz Selma Hayek Pinault para a exibição de Saint-Laurent no 67º Festival Internacional de Cinema de Cannes, no sul da França, neste sábado, 17 de maio
Foto: AP
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A atriz e produtora Salma Hayek segura um cartaz no Festival de Cannes onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas"; ela posa no tapete vermelho do evento neste sábado
Foto: Reuters
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A atriz Salma Hayek, centro, segura um cartaz com o pedido "tragam de volta as nossas meninas", uma campanha que tem sido realizada por diversas celebridades ao redor do mundo, em que pedem a libertação de cerca de 300 estudantes nigerianas sequestradas pelo grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram; a atriz participa do Festival Internacional de Cinema em Cannes, sul da França, neste sábado; da esquerda para a direita os diretores Paul Brizzi, Roger Allers, Joan C. Gratz e Gaetan Brizzi
Foto: AP
Em novo ataque, 25 militares morrem na Nigéria
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Pelo menos 10 soldados e 15 policiais morreram nesta terça-feira na Nigéria em um suposto ataque do grupo radical islâmico Boko Haram contra uma base militar e uma delegacia, informaram testemunhas da ação citadas pela imprensa local.
O atentado ocorreu na cidade de Buni Yadi, no estado de Yobe, um dos territórios no norte do país onde o governo declarou estado de emergência para combater os fundamentalistas.
"(Os insurgentes) estavam disfarçados com uniformes militares e se aproximaram do portão com caminhonetes e carros blindados pintados com cores militares. Os soldados os confundiram com colegas e abriram o portão antes que os radicais abrissem fogo contra eles", relatou uma testemunha ao jornal "Daily Trust".
A polícia do estado de Yobe confirmou o ataque sem dar mais detalhes sobre o incidente, mas vários moradores da cidade garantiram à publicação que viram os corpos de dez soldados e 15 policiais.
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Outra testemunha contou que os insurgentes disseram para os moradores que não matariam nenhum civil, já que seu alvo eram os "homens de uniforme".
Após o ataque contra a base militar e a delegacia, membros do grupo radical voltaram à cidade, atearam fogo aos edifícios do governo e incendiaram vários carros na residência do chefe de distrito.