O Exército de Burkina Fasso dissolveu o Parlamento e anunciou um governo de transição nesta quinta-feira depois de violentos protestos contra o presidente do país, Blaise Compaoré, mas não ficou imediatamente claro quem está no comando.
O chefe do Exército, general Honore Traore, disse que um novo governo vai ser instalado após consulta com todos os partidos políticos e levará o país a uma eleição dentro de 12 meses. Ele também anunciou um toque de recolher durante a noite.
A mudança ocorreu depois que dezenas de milhares de manifestantes encheram as ruas de Ouagadougou nesta quinta-feira para exigir a saída de Compaoré, atacaram o Parlamento, atearam fogo no edifício e saquearam a televisão estatal.
Pelo menos três manifestantes foram mortos a tiros e dezenas de pessoas ficaram feridas quando as forças de segurança abriram fogo contra a multidão.
"Dada a necessidade de preservar o país do caos e preservar a unidade nacional, a Assembleia Nacional está dissolvida, o governo está dissolvido", disse Traore em entrevista coletiva.
No entanto, ele se recusou a dizer se Compaoré, cuja tentativa de estender seu governo de 27 anos provocou meses de tensão no país sem saída para o mar, continuava como chefe de Estado.
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) afirmou mais cedo nesta quinta-feira que não aceitaria qualquer tomada de poder por meios não-constitucionais, o que sugere pressão diplomática para deixar Compaoré no cargo.
A União Europeia (UE) manifestou sua preocupação com a situação em Burkina Faso e com as informações sobre "vítimas após as violentas manifestações". Os protestos deixaram mais de 30 mortos e cerca de 100 feridos, disse à AFP o líder opositor Bénéwendé Sankara, sem informar se os números se referem apenas a Uagadugú ou a todo o país.
Antes do anúncio dos militares, o presidente emitiu seu próprio comunicado anunciando um estado de emergência a ser executado pelo Exército e pedindo um diálogo com a oposição.
Os protestos foram desencadeados pela tentativa do governo de promover uma mudança constitucional no Parlamento para permitir que o presidente de 63 anos tente a reeleição no ano que vem. Grandes manifestações também aconteceram em Bobo Dioulasso, a segunda maior cidade de Burkina Fasso, e Ouahigouya, no norte do país.
Com informações da Reuters e AFP.