Festa milionária marca 90 anos do polêmico líder do Zimbábue

O mais antigo chefe de Estado da África e um dos mais antigos no mundo terá festa de 1 milhão de dólares, em meio à crise no país. A trajetória política de Robert Mugabe, há 34 anos no poder, é marcada por fraudes, eleições suspeitas e festas milionárias

21 fev 2014 - 09h29
(atualizado em 13/3/2014 às 11h54)
<p>Robert Mugabe é recebido com festa pelo povo no aeroporto de Harare, capital do Zimbábue, após participar de Assembléia Geral da ONU, em Nova York, em setembro de 2008</p>
Robert Mugabe é recebido com festa pelo povo no aeroporto de Harare, capital do Zimbábue, após participar de Assembléia Geral da ONU, em Nova York, em setembro de 2008
Foto: Reuters

Festas de milhares de dólares, fraudes eleitorais, embargos políticos e acusações de desrespeito aos direitos humanos fazem parte da trajetória política de Robert Mugabe, presidente do Zimbábue, que completa hoje 90 anos de idade, 34 deles sob o comando do país africano. Robert Mugabe, que chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz, hoje é visto como ditador por muitos especialistas.

Polêmico como sempre, ele voltou a chamar atenção não apenas pela idade que está completando nesta sexta-feira, mas também pela celebração da data, cujos gastos estão

Publicidade

 avaliados em 1 milhão de dólares. Diante de um cenário financeiramente pouco favorável – o Zimbábue se encaminha para mais uma crise financeira –, o mais antigo chefe de Estado da África supera neste ano a festa de aniversário de 2013, quando moedas especiais de ouro foram cunhadas e um bolo de quase 90 quilos foi feito especialmente para a celebração.

Se a festa do presidente esbanja fartura, o mesmo não se pode dizer do Zimbábue, que passa por um momento de desaceleração econômica e redução de empregos, indícios de que um colapso, como o vivenciado há cinco anos, pode estar em curso. Mas nada disso parece preocupar Mugabe, que viajou nesta semana à Cingapura para fazer uma cirurgia de catarata no olho esquerdo. Ele pretende voltar a tempo de comparecer a própria festa no estádio Rudahaka, na província de Marondera, no domingo, 23.

Visto pelos simpatizantes como um marco na história do país, que nunca teve outro líder desde a Independência da Grã-Bretanha, em 1980, a celebração é vista por políticos da oposição como um desperdício extravagante principalmente em um momento que milhares passam fome, ainda que os fundos para a festa tenham sido levantados por um campeonato de futebol de juniores.

Para Dewa Mavhinga, pesquisador do Observatório dos Direitos Humanos, não há nada a celebrar sobre o aniversário ou o legado de Mugabe, mas há sim a preocupação de que, no caso da morte de Mugabe e na ausência de um mecanismo claro para a transição, o país mergulhe no completo caos.

Publicidade

Fonte: Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações