Herói queniano descreve resgate de menina durante ataque a shopping

Abdul Haji foi ao Westgate após seu irmão enviar uma mensagem pedindo ajuda. Ele apareceu salvando uma menina em foto que ganhou o mundo

26 set 2013 - 10h30
(atualizado às 12h27)
A icônica foto em que a menina corre na direção de Abdul Haji ganhou o mundo
A icônica foto em que a menina corre na direção de Abdul Haji ganhou o mundo
Foto: Goran Tomasevic / Reuters

Um das imagens mais impressionantes do ataque ao shopping Westgate, em Nairóbi, mostra uma pequena menina correndo na direção de seu salvador. Abdul Haji, filho do ex-ministro da Defesa queniano Yusuf Haji, é o homem da foto. Ele faz parte de um grupo de cinco civis que não estava no shopping, no último sábado, mas se deslocou ao local após o início da ação terrorista para ajudar a resgatar os reféns. 

Em uma entrevista à emissora NTV Kenya, Haji contou que a menina estava escondida embaixo do balcão preto e branco - que aparece no fundo da imagem - com sua mãe, outra mulher e dois bebês. 

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Falando com uma das mulheres, Haji pediu para que ela corresse na direção deles. "Então ela me disse 'eu tenho três crianças aqui. Nós somos apenas dois adultos. Não há como corrermos com as crianças'", disse.

A imagem feita na sequência, mostra uma das mulheres que estavam escondidas junto com a menina correndo com um bebê no colo
Foto: Goran Tomasevic / Reuters

 "Então eu perguntei se uma das crianças era razoavalmente grande e ela assentiu. Então dissemos a ela: você pede, por favor, para a criança correr na nossa direção?'", relembra Haji. Após a criança ser evacuada em segurança, as duas mulheres conseguiram correr com os bebês no colo. 

"Eu tenho que admitir que essa pequena menina é muito corajosa", disse Haji. "Em meio a todo o caos ao seu redor, ela conseguiu se manter calma. Ela não estava chorando e conseguiu correr na direção de homens com armas nas mãos". 

"Eu fiquei realmente comovido. E eu pensei que se essa menina pode ser tão corajosa, não há razão para que não pudéssemos fazer isso. Nos deu mais coragem", afirmou.  

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Haji, que não tem nenhum treinamento formal em combate, disse que foi ao shopping após receber uma mensagem de seu irmão de que alguma coisa estava acontecendo no shopping e que ele estava preso. "Pareceu que ele estava se despedindo de mim". 

Abdul Haji (esq.) com uma arma na mão procura por sobreviventes no Westgate no sábado
Foto: Goran Tomasevic / Reuters

Apesar de posteriormente ter recebido outra mensagem em que seu irmão dizia estar fora do shopping e em segurança, Haji decidiu continuar a ajudar. "Havia sobreviventes e nós precisávamos tirá-los de lá". 

O homem disse que viu várias pessoas mortas, mas que isso não o impediu de continuar procurando por sobreviventes. Outra imagem mostra ele segurando uma arma ao lado de outro homem que faria parte do grupo de cinco pessoas que procurava por sobreviventes. Ambas as imagens foram feitas pelo fotógrafo Goran Tomasevic, da agência Reuters. 

A coragem transformou Abdul Haji em herói nacional. Seu nome virou hashtag usada pelos usuários do Twitter para agradecê-lo. Confira abaixo algumas homenagens a Haji.

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Al-Shabab "não representa o Islã"

Haji disse que decidiu conceder a entrevista porque, como muçulmano, ele queria falar contra o ataque. "Essas pessoas não representam os muçulmanos, não representam o Islã. O que eu vi no shopping Westgate é contrário ao Islã", disse. 

"Eles (a milícia Al-Shabab, que assumiu a autoria do ataque) estão nos dizendo que fizeram isso porque o Quênia está na Somália? Nós estávamos tentando levar a paz. Eles não podem dizer que estamos matando muçulmanos lá", disse Haji. "Quando a Al-Shabab tentava tomar o poder, quem eles estavam matando? A Somália é 99% muçulmana. Eles estavam lutando contra alguém e era contra muçulmanos. Então o que dá a eles o direito?".

Terror em Nairóbi

Homens armados invadiram o shopping Westgate, em Nairóbi, capital do Quênia, no último sábado, abriram fogo contra civis e mantiveram reféns por quatro dias até o Exército queniano reassumir o controle do centro comercial. Segundo o último balanço oficial ao menos 61 civis morreram, além de seis membros das forças de segurança e cinco criminosos. No total, 240 pessoas ficaram feridas e 11 foram detidas.

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Com informações do Yahoo South Africa News

Fonte: Terra
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