Um coronel que se identificou como porta-voz do Exército anunciou neste domingo, na TV líbia, a suspensão do Congresso Geral Nacional (CGN), a mais alta autoridade da Líbia.
Também neste domingo, o ministro da Justiça informou que houve dois mortos e 55 feridos em um ataque ao Parlamento.
"Nós, membros do Exército e revolucionários (ex-rebeldes), anunciamos a suspensão do CGN", declarou o coronel Mokhtar Fernana, apresentado como comandante da Polícia Militar, em mensagem em dois canais privados de televisão.
O coronel Fernana, natural da cidade de Zenten (170 km a sudoeste de Trípoli), não precisou a origem da decisão de "suspender" do Parlamento, já que o Exército regular líbio está inoperante desde a queda do ditador Muammar Kadhafi, em 2011.
Após o anúncio de Fernana, o canal Libya International foi alvo de um ataque com foguetes. "Ao menos quatro foguetes atingiram a sede do canal, provocando danos materiais mas sem deixar vítimas", disse um jornalista, que pediu para não ser identificado.
Durante o dia, brigadas de ex-rebeldes de Zenten - que lutaram na revolta contra Kadhafi - atacaram a sede do CGN e se envolveram em combates com milícias rivais na estrada para o aeroporto de Trípoli.
"Afirmamos que os acontecimentos de hoje em Trípoli não têm por objetivo um golpe de Estado", declarou Fernana - de uniforme militar - na TV.
Em fevereiro, as brigadas de Zenten deram ao CGN um ultimato para a entrega do poder, mas a ameaça não foi concluída.
Neste sentido, Salah Al-Marghanisa afirmou neste domingo que o ataque ao Parlamento não tem qualquer relação com a ofensiva paramilitar que nos últimos dois dias deixou 79 mortos na cidade de Benghazi.
A ação em Benghazi, no leste da Líbia, liderada pelo general Khalifa Haftar, visaria os grupos islâmicos armados que dominam a cidade, mas na véspera foi qualificada pelo próprio governo em Trípoli de tentativa de golpe de Estado.
Haftar, um general da reserva que participou da revolta contra o regime de Kadhafi, lançou na sexta-feira uma operação contra grupos que qualificou de "terroristas" em Benghazi, feudo de numerosas milícias islâmicas muito bem armadas.