Milhares de pessoas exigiram nesta sexta-feira em Nuakchott, capital da Mauritânia, a execução de um homem acusado de blasfêmia por escrever um artigo criticando o profeta Maomé, informou um correspondente à AFP.
Homens, mulheres, jovens e idosos enfurecidos, provenientes de várias mesquitas da capital, caminharam até a sede da presidência da República para exigir a "morte do criminoso que prejudica" o profeta.
Os manifestantes exigiram a "aplicação da lei islâmica" contra o autor do artigo e seu enforcamento.
O presidente mauritano, Mohamed Uld Abdel Aziz, recebeu os manifestantes na porta do Palácio Presidencial, ao lado de vários ministros, e prometeu "adotar todas as medidas necessárias para defender o Islã e seu profeta".
"A Justiça está cuidando do caso e fará o seu trabalho, mas estejam certos de que o Islã está acima da democracia e da liberdade".
O autor do texto, identificado como Mohamed Cheikh Uld Mohamed, funcionário de uma mineradora em Nuadhibu (noroeste), foi detido no dia 2 de janeiro sob a acusação de apostasia e corre o risco de ser condenado à pena capital.
Publicado na Internet, o texto criticava as decisões tomadas pelo profeta e seus companheiros durante as guerras santas, e acusava a sociedade mauritana de perpetuar uma "ordem social injusta herdada desta época".
Esta é a primeira vez que um texto crítico ao Islã e ao profeta é publicado na Mauritânia, uma República Islâmica onde a sharia (lei islâmica) está em vigor, mas que não aplica sentenças extremas como a pena de morte e o flagelo desde a década de 80.