Mortes por outras doenças devem disparar com surto de ebola

As vacinas experimentais contra o ebola serão lançadas no começo do ano que vem - enquanto isso, milhares de pessoas ainda podem ser atingidas pela doença - ou outras contagiosas

26 set 2014 - 10h39
(atualizado às 12h05)
<p>Trabalhadores de saúde levam baldes com desinfetante em nova clínica para tratamento de Ebola em Monróvia, na Libéria</p>
Trabalhadores de saúde levam baldes com desinfetante em nova clínica para tratamento de Ebola em Monróvia, na Libéria
Foto: James Giahyue / Reuters

Mortes por doenças contagiosas como malária, diarréia e pneumonia devem disparar em países do oeste da África onde um grande surto de Ebola tem sobrecarregado os sistemas de saúde e matado enfermeiros e médicos.

Especialistas em doenças mortais dizem que somente as mortes por malária, que mesmo antes da crise do Ebola já matava cerca de 100 mil pessoas por ano em toda a região ocidental do continente, podem crescer em quatro vezes nos países atingidos pelo Ebola, uma vez que as pessoas podem ficar sem tratamentos que salvariam suas vidas.

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Mesmo no atual momento, disse o professor Chris Whitty, da Escola Londrina de Higiene e Medicina Tropical, em Londres, em países que enfrentam o pior do surto de Ebola, “muito mais pessoas estão morrendo de outras coisas que não o Ebola".

À medida que a epidemia continua, as chamadas mortes “colaterais" -incluindo de complicações em partos e condições crônicas como doenças cardíacas- crescerão já que as clínicas de saúde e seus funcionários, que normalmente tratariam dos pacientes, estão sobrecarregados.

Carolyn Miles, chefe da ONG internacional Save the Children, disse que crianças abaixo de cinco anos -das quais estima-se que 2,5 milhões vivam em áreas afetadas- estão em maior risco, tanto de Ebola quanto de efeitos como estresse psicológico causado por país e parentes que estão morrendo.

“Os serviços de saúde do oeste da África estão, em grande escala, entrado em colapso”, disse Jeremy Farrar, diretor da entidade filantrópica internacional Wellcome Trust. “Isso significa que mulheres em gestação, pessoas com malária, pessoas com condições como diabetes e pessoas com doenças metais estão todas sofrendo."

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"Isso terá uma enorme consequência secundária além do ebola, não importa quão crítica esta epidemia se torne."

Jimmy Whitworth, chefe de saúde populacional da Wellcome Trust, disse que a crise pode fazer com que as mortes por malária quadrupliquem, chegando a 400 mil no próximo ano, com pacientes temerosos em ir a clínicas por medo de contrair Ebola, e, assim, não obtendo o cuidado médico necessário.

Mortes de diarréia e pneumonia, algumas das enfermidades que mais matam crianças na África subsaariana, também crescerão, previu Whitworth, assim como as mortes de mulheres em partos.

Vacinas experimentais estarão disponíveis em 2015

Milhares de vacinas experimentais contra o vírus ébola, desenvolvidas pelas companhias britânica GSK e norte-americana NewLink Genetics, deverão estar disponíveis no início de 2015, informou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A GSK deverá ter 10 mil doses disponíveis no início do próximo ano”, informou Marie-Paule Kieny, subdiretora-geral da OMS, em entrevista nesta sexta-feira em Genebra.

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Quase 3 mil pessoas morreram por ebola e, pelo menos, 6 mil foram infectadas no atual surto
Foto: Bindra / Reuters

A NewLink Genetics, que doou cerca de mil doses à OMS, deverá dispor de alguns milhares mais de vacinas nos próximos meses”, acrescentou a subdiretora.

No que se refere ao soro ZMapp, que não passou por ensaios clínicos mas que foi administrado a muitas pessoas infectadas pelo vírus, os estoques estão esgotados no mundo inteiro.

“Algumas centenas de doses” do soro, de acordo com Marie-Paule, deverão estar disponíveis até o fim do ano, mas não serão suficientes para ter grande impacto sobre a epidemia.

Não existe uma vacina ou tratamento específico homologado contra o ébola.

A OMS autorizou neste mês a utilização de terapias à base de sangue, como os soros convalescentes, nos países afetados.

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“A transfusão de sangue foi iniciada em pequena escala”, disse Kieny, lembrando que a OMS espera que o número de transfusões aumente no início do próximo ano.

“A mobilização vai permitir o desenvolvimento de vacinas e medicamentos promissores", destacou. Para ela, ninguém sabe ainda se dará resultado.

A representante da OMS acrescentou que o problema principal não é a falta de medicamentos na atual crise. “O problema principal é a fragilidade dos sistemas de saúde”.

A última atualização da Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o vírus do Ebola matou quase 3.000 pessoas no surto do oeste africano, que irrompeu neste ano na Guiné e espalhou-se para Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal.

A agência de saúde das Nações Unidas diz que pelo menos 208 trabalhadores de saúde na região foram mortos pelo Ebola, de um total de 373 infectados até agora pelo vírus.

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A OMS advertiu que a epidemia está em uma espiral de "crescimento explosivo” e poderia, na ausência de reforços significativos dos recursos utilizados, contaminar 20 mil pessoas até novembro.

Com informações da Reuters e Agência Brasil. 

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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